Debates do Parlamento Europeu - Europa
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PT<br />
<strong>Debates</strong> <strong>do</strong> <strong>Parlamento</strong> <strong>Europeu</strong><br />
A <strong>Europa</strong> encontra-se numa fase de construção de algo novo que exige a adaptação <strong>do</strong>s<br />
nossos mapas mentais e o reposicionamento das instituições. Fazê-lo é difícil e complica<strong>do</strong>,<br />
mas também empolgante, pois nunca será demais sublinhar como este momento é<br />
importante. Temos agora uma oportunidade de construir o que muitos cidadãos de toda<br />
a <strong>Europa</strong> e muitos membros desta Assembleia há muito desejam: uma política externa<br />
europeia mais forte e mais credível.<br />
Evidentemente, o Serviço <strong>Europeu</strong> para a Acção Externa será fundamental para alcançar<br />
este objectivo. É necessário construir um sistema robusto que nos permita fazer face aos<br />
problemas de hoje e aos novos problemas de amanhã.<br />
Há anos que tentamos conceber e aplicar estratégias amplas, mas as estruturas e os sistemas<br />
de que dispúnhamos dificultaram este processo. Com o Trata<strong>do</strong> de Lisboa e o Serviço<br />
<strong>Europeu</strong> para a Acção Externa, devemos ser agora capazes de o concretizar.<br />
No cerne de tu<strong>do</strong> o que fazemos encontra-se uma simples verdade: para proteger os nossos<br />
interesses e promover os nossos valores é necessário actuar no exterior das nossas fronteiras.<br />
Ninguém pode esperar ser uma ilha de estabilidade e de prosperidade num mar de<br />
insegurança e de injustiça.<br />
O nosso mun<strong>do</strong>, se permitem que diga, está em mutação. Para acompanhá-lo eficazmente,<br />
temos primeiro de o enquadrar. No meu entender, são duas as principais características<br />
<strong>do</strong> mun<strong>do</strong> actual. Primeiro, uma profunda interdependência em termos políticos,<br />
económicos e de segurança: tecnologias, ideias, <strong>do</strong>enças, dinheiro – tu<strong>do</strong> se move. Estamos<br />
liga<strong>do</strong>s como nunca antes estivemos. Segun<strong>do</strong>, uma transferência de poder, quer dentro<br />
<strong>do</strong>s sistemas políticos – de um mo<strong>do</strong> geral, <strong>do</strong>s governos para os merca<strong>do</strong>s, para os meios<br />
de comunicação social e para as ONG – quer entre sistemas políticos – em termos gerais,<br />
<strong>do</strong> velho Ocidente para o Oriente e para o Sul. Ambas são o resulta<strong>do</strong> da globalização, que<br />
não é só um fenómeno económico, como também político, tanto nas suas manifestações<br />
como, evidentemente, nas suas consequências.<br />
Pensem na ascensão da China e de outros a principais actores políticos ou considerem o<br />
impacto político da crise financeira. As dívidas estão no Ocidente; os excedentes estão no<br />
Oriente. Esta redistribuição <strong>do</strong> poder financeiro também está a moldar os nossos debates<br />
políticos. Ou pensem nas alterações climáticas que não são apenas um problema ambiental,<br />
mas também um problema com ramificações geopolíticas e de segurança.<br />
Portanto, há que enfrentar problemas complexos e de o fazer num novo cenário geopolítico.<br />
Temos de nos adaptar. Este não é o momento para voar em piloto automático ou para nos<br />
agarrarmos à defesa cerrada <strong>do</strong>s mo<strong>do</strong>s de agir nacionais. Este é um tempo em que temos<br />
de ser inteligentes e ambiciosos.<br />
Permitam-me que indique alguns números para ilustrar o que quero dizer. A <strong>Europa</strong><br />
representa 7% da população mundial, sen<strong>do</strong> que há um século representava 25%. Nos<br />
últimos 60 anos, a nossa quota-parte <strong>do</strong> PIB mundial diminuiu de 28% para 21%. As<br />
economias da China, da Índia e outras estão a adiantar-se a 10% por ano.<br />
O peso económico está a traduzir-se em influência política e em autoconfiança. É perceptível<br />
em to<strong>do</strong> o la<strong>do</strong>: das negociações sobre as alterações climáticas ao Irão, a acor<strong>do</strong>s energéticos<br />
de grandes proporções em África ou na Ásia Central. Se desenvolvermos esforços conjuntos,<br />
podemos salvaguardar os nossos interesses. Se não, outros tomarão as decisões por nós.<br />
É tão simples quanto isto, mesmo muito simples.<br />
10-03-2010