Andrea Oliveira Batista DESEMPENHO ORTOGRÁFICO DE ...
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lida como /kiS/, /z/, /s/ e /ʃ/. Além disso, a regularidade na leitura conta também<br />
com as intuições fonológicas, uma vez que, como salienta Scliar-Cabral (2003a), as<br />
letras representam, bem ou mal, os fonemas.<br />
Contrariamente, na escrita, o que se apresenta é a ocorrência de situações de<br />
irregularidades em maior quantidade, tornando a aprendizagem da ortografia mais<br />
custosa (SCLIAR-CABRAL, 2003a). Escrever é muito mais complexo do que ler<br />
(DIAS; ÁVILA, 2008), pois demanda maior reflexão do escritor iniciante que, embora<br />
se beneficie da “economia” que o sistema de escrita alfabético proporciona, por ter<br />
um número de símbolos finitos, as 26 letras do alfabeto mais alguns sinais<br />
diacríticos, por outro lado, ele tem de superar o obstáculo de desmembrar uma<br />
sílaba em nível consciente (CORREA et al., 2007) e posteriormente transformar sua<br />
forma de falar em textos escritos aceitos, com palavras escritas dentro das normas<br />
ortográficas (CIDRIM; AGUIAR; MA<strong>DE</strong>IRO, 2007). Para Pinheiro (2006), o que<br />
diferencia os processos da leitura e da escrita, é a direção de cada processo, do<br />
grafema ao fonema na decodificação e, do fonema ao grafema na codificação 1 ,<br />
influenciando diretamente a forma de aquisição destas habilidades, naturalmente,<br />
exigindo formas diferentes de ensino a cada uma delas.<br />
Conforme o descrito, conclui-se que o português do Brasil tem uma<br />
característica mais transparente no sentido da decodificação e mais opaca no<br />
sentido da codificação (SANTOS; NAVAS, 2002; CUNHA; CAPELLINI, 2009), ainda<br />
assim contém configuração mais transparente que outras línguas latinas, como o<br />
italiano e o espanhol (MEIRELES; CORREA, 2005, 2006).<br />
Referem-se ao princípio semiográfico as conversões dos grafemas em<br />
fonemas (letra-som) e dos fonemas em grafemas (som-letra), sendo que essas<br />
correspondências são agora, de certa forma, irregulares, havendo a necessidade de<br />
se recorrer à gramática e, em particular, à morfologia para obter a grafia correta de<br />
uma palavra. Na essência, refere-se à correspondência entre os símbolos gráficos e<br />
unidades de significação (MAREC-BRETON; GOMBERT, 2004). Nesse contexto,<br />
Morais, (1998) explica que é a categoria gramatical a que pertence a palavra a ser<br />
1 O termo codificação é usado por Scliar-Cabral (2003a, 2003b) como sinônimo para a notação ou ato da escrita<br />
das palavras. Contudo, este termo também referencia uma das etapas do processamento neurológico da<br />
informação verbal, cujo funcionamento, de forma simplificada, apresenta as etapas de percepção, codificação,<br />
atribuição de significado, armazenamento, recuperação e produção (CAPOVILLA; MACEDO; CHARIN, 2002;<br />
CAPELLINI; GERMANO; CUNHA, 2009). Em nosso estudo demos preferência para o termo notação, mas em<br />
algumas situações usamos também codificação.<br />
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