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Andrea Oliveira Batista DESEMPENHO ORTOGRÁFICO DE ...

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Em um artigo escrito por Cagliari (2002) intitulado Alfabetização e Ortografia,<br />

o autor expressa de forma clara e ponderada o viés entre os chamados erros<br />

ortográficos e as chamadas hipóteses ortográficas. Os procedimentos de<br />

alfabetização, sobretudo aqueles de ensino cartilhesco, sempre tiveram a atenção<br />

voltada para a ortografia. Assim, esses métodos conseguiam, de certa forma,<br />

controlar o material que os alunos liam e escreviam, tentando minimizar o impacto<br />

da fixação de uma escrita incorreta. Claro que, com o passar dos anos, esta<br />

estratégia educacional tornava-se insuficiente, porque a complexidade da linguagem<br />

oral e escrita ia aumentando, pois sendo os alunos falantes nativos da língua, suas<br />

experiências linguísticas eram bem maiores do que as oferecidas pelos materiais<br />

escolares. Com isto, as cartilhas sofreram, nas quase três últimas décadas, duras<br />

críticas, tendo sido praticamente abandonadas das salas de aula.<br />

A ideia do construtivismo trazida por Emília Ferreiro trouxe, segundo Gagliari<br />

(1999b, 2002), a possibilidade de uma revisão do processo de alfabetização. Por<br />

outro lado, gerou um conflito entre os alfabetizadores que tiveram, a partir de então,<br />

a tarefa de alfabetizar como uma responsabilidade própria, sendo às vezes<br />

auxiliados por um material distribuído pelo governo ou pela própria escola, e o que<br />

era antes considerada uma questão central, a ortografia, deixou de sê-la para se<br />

tornar uma hipótese na cabeça dos alunos (grifo do autor). Um erro se corrige, mas<br />

o que fazer com uma hipótese? Diante de um construtivismo mal compreendido, os<br />

alunos iam continuar escrevendo segundo suas hipóteses, sem se preocupar com a<br />

ortografia?<br />

Cagliari (2002) finaliza seu artigo colocando que é falsa e danosa a ideia<br />

segundo a qual o professor não pode interferir na produção escrita de seus alunos.<br />

Reforça que em primeiro lugar, os próprios professores precisam ter ideias claras e<br />

corretas acerca da natureza e usos da ortografia, para que guiados pelo bom senso,<br />

consigam realizar sua tarefa e alcancem seus objetivos.<br />

Não queremos com estas considerações dar a impressão de não<br />

reconhecermos as hipóteses dentro do processo de apropriação da ortografia como<br />

genuínas, pelo contrário, consideramos como verdade que os erros ortográficos, ou<br />

como prefere Morais (1998), o desconhecimento da norma ortográfica ou faltas<br />

ortográficas, cometidos pelas crianças não devem ser encarados como cópias<br />

imperfeitas, mas tentativas válidas de estabelecer a grafia das palavras baseadas<br />

em suas ideias sobre a escrita (FERREIRO; TEBEROSKY, 1999; FERREIRO, 2008)<br />

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