Andrea Oliveira Batista DESEMPENHO ORTOGRÁFICO DE ...
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escrita que vai estabelecer a regra ortográfica, regulando, portanto, a escolha do<br />
grafema que poderá notar um mesmo fonema presente em morfemas – partes<br />
“internas” constantes que compõem as palavras – derivacionais (prefixos e sufixos)<br />
ou flexionais, em situações nas quais uma mesma sequência de sons na palavra<br />
pode ser representada por morfemas diferentes.<br />
Assim como o português brasileiro possui uma estrutura morfológica<br />
complexa, a sensibilidade à morfologia da língua é fundamental para o<br />
desenvolvimento do conhecimento ortográfico (MOTA; ANIBAL; LIMA, 2008). Para<br />
Paula (2007), os escolares de 1ª série, de escola privada, já apresentam<br />
conhecimento implícito, ou sensibilidade para a morfologia derivacional, mais<br />
especificamente para o conhecimento de sufixos, enquanto que para as demais<br />
séries, foi observado conhecimento explícito, com relação também aos prefixos.<br />
Inversamente, Queiroga, Lins e Pereira (2006) atestam que os escolares de 2ª e 4ª<br />
séries, de escola pública e privada, possuem dificuldades em identificar<br />
conscientemente os morfemas e justificar a ocorrência destes quando apresentados<br />
a eles, embora com diferença significativa a favor da escola privada.<br />
Pesquisas conduzidas por Melo e Rego (1998) evidenciaram que as práticas<br />
de reflexão a propósito da ortografia em sala de aula intensificam o progresso dos<br />
escolares nesse aspecto, principalmente nas palavras que tem a relação fonema-<br />
grafema regulada por regras de notação que envolve o contexto fonético, a<br />
morfossintaxe (morfemas de derivação lexical) e a derivação morfológica nos verbos<br />
(morfemas de flexão verbal). Um grande número de casos da notação do português<br />
do Brasil se apoia no princípio semiográfico. Contudo, pesquisas recentes de Zorzi<br />
(2009a) e Moojen (2009) mostram que essa situação é ainda uma dificuldade<br />
ortográfica a ser vencida por escolares da 4ª série do ensino fundamental.<br />
Embora existam em nossa língua situações de previsibilidade para a notação<br />
ortográfica, a partir da origem etimológica, da alternância consonantal nos cognatos,<br />
da sufixação ou prefixação (SCLIAR-CABRAL, 2003a), elas não solucionam os<br />
muitos casos em que verdadeiramente não há regra que possa auxiliar o escritor no<br />
momento da sua redação. E, de fato, os casos de irregularidades acompanharão<br />
todas as pessoas que escrevem por toda a sua vida, pois sempre haverá uma<br />
palavra que nunca foi lida ou escrita por falta de oportunidade ou simplesmente<br />
ocasiões em que não se recordem da sua grafia.<br />
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