CUNHA, Cileide Alves. Aval do passado - Pós-Graduação em ...
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102<br />
Iris considera que não é político de “retórica <strong>em</strong> administração”, pois sua<br />
prioridade s<strong>em</strong>pre foi construir infra-estrutura. Ele acha que “t<strong>em</strong> si<strong>do</strong> b<strong>em</strong>-sucedi<strong>do</strong>”<br />
<strong>em</strong> suas administrações, porque é um “hom<strong>em</strong> racional, prático.” Iris é da geração <strong>do</strong>s<br />
políticos <strong>do</strong> nacional-estatismo, mas como tu<strong>do</strong> <strong>em</strong> sua vida, não t<strong>em</strong> posições<br />
inflexíveis sobre o t<strong>em</strong>a. “Se eu entendesse que a privatização de tu<strong>do</strong> fosse importante<br />
para o povo eu privatizaria, mas eu enten<strong>do</strong> que certas coisas não pod<strong>em</strong> ser<br />
privatizadas.” 167 Iris orienta-se por convicções pessoais e não políticas ou ideológicas.<br />
Segun<strong>do</strong> essas convicções, alguns serviços são mais b<strong>em</strong> feitos pelo poder público<br />
(limpeza pública, por ex<strong>em</strong>plo) e outros pela iniciativa privada (transporte coletivo).<br />
Eu também não sou radical nessa questão que tu<strong>do</strong> deve ser feito pelo poder público. Acho<br />
que o poder público deve transferir responsabilidade. Mas aquilo que, no momento, o que é<br />
feito pelo poder público fica mais <strong>em</strong> conta, por que não fazer? Eu assumi o governo <strong>em</strong> 1983<br />
s<strong>em</strong>pre <strong>em</strong> dificuldade, cinco meses [de salário] de atraso. Durante uma s<strong>em</strong>ana fui<br />
observan<strong>do</strong>: olha, o que se gasta aqui com <strong>em</strong>presas de segurança, de limpeza. Imediatamente<br />
dispensei as <strong>em</strong>presas que faziam segurança <strong>do</strong>s prédios públicos e coloquei a Polícia Militar.<br />
Retirei todas as <strong>em</strong>presas que ficavam limpan<strong>do</strong>, conservan<strong>do</strong> e coloquei o Esta<strong>do</strong>. Naquela<br />
época tinha uma facilidade que não precisava de concurso. E passei com isso, já de imediato, a<br />
economizar milhões. 168<br />
Iris justifica essa sua flexibilidade ideológica com a seguinte afirmação:<br />
Quan<strong>do</strong> eu sou favorável às teses capitalistas são aquelas que representam mais garantias à<br />
população; quan<strong>do</strong> eu sou favorável às teses mais de esquerda é porque estou convenci<strong>do</strong> que<br />
aquele sist<strong>em</strong>a é melhor para o povo. E é o que devagarzinho o Brasil vai entenden<strong>do</strong>, os<br />
países desenvolvi<strong>do</strong>s vão entenden<strong>do</strong>, que nós não pod<strong>em</strong>os jungir os interesses <strong>do</strong> povo com<br />
uma ideologia política de esquerda e de direita. 169<br />
Ele justifica sua habilidade administrativa da mesma forma que explica sua<br />
vocação para a política: é um <strong>do</strong>m.<br />
Conduzir a administração pública com o mesmo zelo com que se conduz a administração<br />
privada. Porque é comum, o cidadão não faz na <strong>em</strong>presa dele [e quan<strong>do</strong>] ele assume a<br />
administração pública lá ele faz. Por quê? Eu s<strong>em</strong>pre tive isso: na administração privada a<br />
gente s<strong>em</strong>pre economiza água, energia, telefone, gasolina; não colocamos nosso carro onde ele<br />
pode estragar. Por que na administração pública pode? Eu s<strong>em</strong>pre entendi que a coisa pública<br />
deve ser tratada como a coisa privada. 170<br />
À exceção de sua rápida passag<strong>em</strong> pelo PTB, <strong>em</strong> sua estréia na política, Iris<br />
nunca mu<strong>do</strong>u de parti<strong>do</strong>. Resistiu às investidas <strong>do</strong>s militares para que ele trocasse o<br />
MDB pela Arena, quan<strong>do</strong> era prefeito, até que foi cassa<strong>do</strong>. Iris conta que <strong>em</strong> 1989 foi<br />
167<br />
Entrevista <strong>em</strong> 18/6/2007.<br />
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Entrevista <strong>em</strong> 9/7/2007.<br />
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Entrevista <strong>em</strong> 18/6/2007.<br />
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Entrevista <strong>em</strong> 9/7/2007.