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CUNHA, Cileide Alves. Aval do passado - Pós-Graduação em ...

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153<br />

<strong>do</strong> principal líder partidário e não precisou entrar <strong>em</strong> uma briga interna para ser o<br />

candidato. Uma notícia no Popular (20/8/65) informa sobre a desarticulação <strong>do</strong> PSD. A<br />

nota diz que o parti<strong>do</strong> deixou de lançar candidatos a prefeito <strong>em</strong> 15 municípios porque<br />

“a dúvida quanto à vitória e o t<strong>em</strong>or da derrota” levaram o PSD “à espetacular<br />

desorientação de to<strong>do</strong> o seu passa<strong>do</strong>”. Na realidade, as causas da “desorientação” não<br />

eram b<strong>em</strong> essas, mas a repressão política que minava os parti<strong>do</strong>s de oposição.<br />

3.4 – A descoberta <strong>do</strong>s adversários<br />

Nessa altura de sua carreira, Iris não era nota<strong>do</strong> apenas pelos Lu<strong>do</strong>vico, mas<br />

também por seus adversários. Ele era presidente da Ass<strong>em</strong>bléia, Mauro ainda estava no<br />

governo, quan<strong>do</strong> algumas lideranças oposicionistas o procuraram para denunciar um<br />

suposto plano para matar o deputa<strong>do</strong> estadual Ary Valadão (UDN) e para pedir proteção<br />

física da direção da Ass<strong>em</strong>bléia ao udenista. Sob o pretexto de criticar Iris pela suposta<br />

falta de atitude <strong>em</strong> defesa da vida de Ary Valadão, o deputa<strong>do</strong> federal Alfre<strong>do</strong> Nasser,<br />

também presidente regional <strong>do</strong> PSP, parti<strong>do</strong> coliga<strong>do</strong> com a UDN, ex-ministro da<br />

Justiça e um <strong>do</strong>s mais importantes líderes da oposição, publicou um artigo no Popular<br />

com o título “N<strong>em</strong> herói, n<strong>em</strong> santo”. 243<br />

Nasser rel<strong>em</strong>bra nesse artigo que conhecera Iris na campanha de 1962, ao<br />

participar de uma reunião “apartidária” <strong>em</strong> Campinas, para apresentar ao eleitora<strong>do</strong><br />

católico os nomes <strong>do</strong>s candidatos merece<strong>do</strong>res de seu voto. Segun<strong>do</strong> ele, o encontro não<br />

“comportava a promoção de uma pessoa, um grupo ou uma facção”. Apesar disso, Iris<br />

“impôs a to<strong>do</strong>s um vexame” e transformou a reunião <strong>em</strong> um comício pessoal. Relata<br />

que moças e rapazes “devidamente uniformiza<strong>do</strong>s” abaixo <strong>do</strong> palanque “vivavam-no a<br />

plenos pulmões, entoavam canções <strong>em</strong> que Iris rimava com arco-íris – o arco-íris era ele<br />

–, exaltavam as suas virtudes políticas...”. Nasser condenava um jov<strong>em</strong> – na época Iris<br />

tinha 29 anos de idade – que fazia política a favor <strong>do</strong> governo. De acor<strong>do</strong> com o<br />

deputa<strong>do</strong> federal, Iris discursou assim que “as canções e os gritos cessaram”. Ao final<br />

243 Na época, o deputa<strong>do</strong> federal Alfre<strong>do</strong> Nasser lia um editorial, sexta-feira à noite, na TV Anhanguera,<br />

que era publica<strong>do</strong> na íntegra no dia seguinte no Popular. O artigo contra Iris foi publica<strong>do</strong> <strong>em</strong> 18 de<br />

outubro de 1964. Com outro título, “Um triste velho moço”, ele foi reproduzi<strong>do</strong> no livro Alfre<strong>do</strong> Nasser:<br />

o líder não morreu, coordena<strong>do</strong> por Consuelo Nasser. Goiânia: Líder, 1995, p. 372.

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