CUNHA, Cileide Alves. Aval do passado - Pós-Graduação em ...
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política longeva e de sucesso exigia integrar um grupo político forte, um “parti<strong>do</strong><br />
grande, com estrutura e militância”, para usar suas próprias palavras.<br />
Segun<strong>do</strong> Bourdieu (1989), o merca<strong>do</strong> da política é um <strong>do</strong>s “menos livres que<br />
exist<strong>em</strong>”, pois a produção política de maior penetração na sociedade “é monopólio <strong>do</strong>s<br />
profissionais”. Em função disso, essa produção fica “sujeita aos constrangimentos e às<br />
limitações” próprias <strong>do</strong> campo político. Os efeitos da “lógica censitária”, o processo<br />
eleitoral para a escolha entre o que ele chama de “produtos políticos” disponíveis,<br />
receb<strong>em</strong> influência <strong>do</strong>s “efeitos da lógica oligopolística, que rege a oferta de produtos”.<br />
Monopólio de produção, entregue a um corpo de profissionais, quer dizer, a um pequeno<br />
número de unidades de produção, controladas elas mesmas pelos profissionais;<br />
constrangimentos que pesam nas opções <strong>do</strong>s consumi<strong>do</strong>res, que estão tanto mais condena<strong>do</strong>s à<br />
fidelidade indiscutida às marcas conhecidas e à delegação inconstitucional nos seus<br />
representantes quanto mais desprovi<strong>do</strong>s estão de competência social para a política e de<br />
instrumentos próprios de produção de discursos ou atos políticos: o merca<strong>do</strong> da política é, s<strong>em</strong><br />
dúvida, um <strong>do</strong>s menos livres que exist<strong>em</strong>. (1989, p. 166, grifos <strong>do</strong> autor)<br />
Como o “merca<strong>do</strong>” é restrito, Iris acatou as regras <strong>do</strong> jogo político e escolheu<br />
um “oligopólio” para a sua militância partidária, a força heg<strong>em</strong>ônica <strong>do</strong> PSD de Pedro<br />
Lu<strong>do</strong>vico. Apesar de já ser relativamente conheci<strong>do</strong>, ele entra para o grupo como mais<br />
um “agente” <strong>do</strong> grupo político, para seguir seu “porta-voz” (Pedro Lu<strong>do</strong>vico), isto é, o<br />
líder “<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> <strong>do</strong> pleno poder de falar e de agir <strong>em</strong> nome <strong>do</strong> grupo” (Bourdieu, 1989, p.<br />
158–159). Iris adere a esse subcampo político disposto a aumentar seu capital político<br />
para disputar com os d<strong>em</strong>ais agentes o acesso às posições mais elevadas no concorri<strong>do</strong> e<br />
fecha<strong>do</strong> merca<strong>do</strong> da política.<br />
Como o campo político é um local entendi<strong>do</strong> ao mesmo t<strong>em</strong>po como “campo<br />
de forças e campo de lutas”, Iris integrou-se a ele interessa<strong>do</strong> <strong>em</strong> transformar a relação<br />
de força interna (Bourdieu, 1989, p. 164) para se incluir entre aqueles com voz ativa. A<br />
inovação política de Mauro Borges era conveniente a Iris, pois justificava sua adesão:<br />
ele não estava aderin<strong>do</strong> às práticas políticas tradicionais de Pedro Lu<strong>do</strong>vico, as quais<br />
combateu no movimento estudantil, mas ao PSD renova<strong>do</strong> representa<strong>do</strong> por Mauro.<br />
Com menos de 30 anos de idade, ele se sentia mais próximo <strong>do</strong> filho <strong>do</strong> que <strong>do</strong> pai, pois<br />
Mauro simbolizava o novo e os ideais de modernização das estruturas administrativas<br />
<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, que inspiraria Iris no coman<strong>do</strong> da prefeitura de Goiânia.<br />
Iris fez uma opção pragmática, por um parti<strong>do</strong> que lhe daria condições de<br />
construir a carreira <strong>em</strong> longo prazo. Na entrevista à Folha de Goiaz (2/11/58), ele<br />
encontrou as seguintes explicações para ter si<strong>do</strong> o verea<strong>do</strong>r mais vota<strong>do</strong>: “Pelo meu