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CUNHA, Cileide Alves. Aval do passado - Pós-Graduação em ...

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Conclusão<br />

A vitória de Iris Rezende na eleição para a prefeitura de Goiânia, <strong>em</strong> 2004, foi<br />

um marco <strong>em</strong> sua carreira. As duas derrotas inimagináveis para um líder que tinha<br />

chega<strong>do</strong> ao topo, uma delas <strong>em</strong> uma disputa <strong>em</strong> que havia duas vagas para o Sena<strong>do</strong>,<br />

aparent<strong>em</strong>ente não havia só coloca<strong>do</strong> um ponto final <strong>em</strong> uma trajetória de sucesso.<br />

Prenunciava o fim, de forma melancólica, da liderança de um político que chegou ao<br />

poder depois de um longo processo de construção política: sua inclusão no campo<br />

político, a adesão a uma tradição (Lu<strong>do</strong>vico), o aprendiza<strong>do</strong> <strong>em</strong> duas escolas (Pedro e<br />

Mauro), a opção por permanecer no MDB durante a ditadura militar – escolha que<br />

levou à cassação de seu mandato <strong>em</strong> 1969 –, a construção de novo tipo de liderança –<br />

desta vez no campo legendário, como o “herói injustiça<strong>do</strong>”, no perío<strong>do</strong> de dez anos que<br />

seus direitos políticos estavam suspensos – e o retorno, <strong>em</strong> 1982, como o líder <strong>do</strong> grupo<br />

político até então guia<strong>do</strong> por Pedro Lu<strong>do</strong>vico Teixeira.<br />

Não era pouca coisa: era uma longa carreira política, que parecia ter da<strong>do</strong> os<br />

últimos suspiros ao ser derrotada na batalha política travada nas eleições de 1998 e de<br />

2002. Ao perder, Iris assistia ao que lhe parecia ser o pior: os vence<strong>do</strong>res reescreviam<br />

sua história política. A carreira grandiosa, a imag<strong>em</strong> <strong>do</strong> administra<strong>do</strong>r eficiente, <strong>do</strong> líder<br />

carismático e defensor da população carente, que ele construíra <strong>em</strong> 40 anos de<br />

militância política, dava lugar, na voz de seus adversários, a um político autoritário, um<br />

coronel, ultrapassa<strong>do</strong>, que já não tinha mais as credenciais para liderar o Esta<strong>do</strong> <strong>em</strong> seu<br />

caminho rumo ao desenvolvimento econômico. Para uma pessoa que precisava <strong>do</strong><br />

reconhecimento público para ser feliz, <strong>em</strong> outras palavras, para qu<strong>em</strong> “ser popular é ser<br />

feliz” (Realidade, 1966), a derrota teve um significa<strong>do</strong> maior <strong>do</strong> que a perda <strong>do</strong> poder.<br />

Iris perdeu o poder, a popularidade, enfim, o nome que levou 40 anos para construir, e<br />

até seu grupo político, que começou a se esfacelar no momento <strong>em</strong> que ele ficou s<strong>em</strong><br />

perspectiva de poder. O mito político desmanchava-se.<br />

Sua vitória <strong>em</strong> 2004 possibilitou-lhe recuperar a voz e a ação política, por isso<br />

representou um marco. A partir daí, ele poderia agir, como s<strong>em</strong>pre fizera <strong>em</strong> sua<br />

trajetória política, para restituir a imag<strong>em</strong> <strong>do</strong> líder que fora um dia. Ele retomava o<br />

poder sobre sua carreira e poderia reverter a imag<strong>em</strong> de líder derrota<strong>do</strong> e s<strong>em</strong> apoio<br />

popular. A eleição para prefeito devolveu-lhe o poder, recolocou-o diante de seu grupo<br />

político como uma liderança com perspectiva de poder futuro, fundamental para

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