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CUNHA, Cileide Alves. Aval do passado - Pós-Graduação em ...

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Iris avalia que se tivesse cumpri<strong>do</strong> as ordens <strong>do</strong> general e reuni<strong>do</strong> os<br />

deputa<strong>do</strong>s para abrir o processo de impeachment de Mauro, o que era espera<strong>do</strong> pelos<br />

militares, sua carreira teria toma<strong>do</strong> outro rumo. Ele t<strong>em</strong> convicção de que naquele dia,<br />

com 30 anos de idade, foi “consciente de uma situação” e que se tivesse se submeti<strong>do</strong><br />

ou se “acovarda<strong>do</strong>” estaria “num momento de declínio” <strong>em</strong> sua carreira. “Aquela hora<br />

foi decisiva <strong>em</strong> minha vida.” Iris acha que não era comum um jov<strong>em</strong> parlamentar<br />

enfrentar um general que estava <strong>em</strong> Goiás <strong>em</strong> missão representan<strong>do</strong> o “sist<strong>em</strong>a político”<br />

autoritário <strong>do</strong> País. <strong>Aval</strong>ia que sua resistência à ord<strong>em</strong> de Castro e Silva deveu-se a sua<br />

orig<strong>em</strong> política, diferente da orig<strong>em</strong> da maioria <strong>do</strong>s colegas <strong>do</strong> PSD. “Eu fui molda<strong>do</strong>,<br />

politicamente, no meio estudantil. Estudante às vezes é meio atrevi<strong>do</strong>, até<br />

inconseqüente.” 106<br />

Iris rel<strong>em</strong>bra que voltou a pé <strong>do</strong> Hotel Bandeirantes até o Palácio das<br />

Esmeraldas e relatou a Mauro toda a conversa com o general, deixan<strong>do</strong>-o<br />

profundamente surpreso: “Eu notava isso pelo s<strong>em</strong>blante dele.” 107 O governa<strong>do</strong>r, então,<br />

decidiu convocar uma reunião <strong>do</strong> secretaria<strong>do</strong> para o outro dia, às 8 horas, e pediu a<br />

presença de Iris.<br />

E foi a hora que nunca me esqueci. Mauro então me disse: “Iris eu não tenho si<strong>do</strong> correto com<br />

você.” “Por que, governa<strong>do</strong>r? Eu não tenho queixas.” “Não, não tenho, não. Eu sei que você<br />

quer ser prefeito de Goiânia e eu estou alimentan<strong>do</strong> a candidatura <strong>do</strong> Ro<strong>do</strong>lfo.” 108<br />

Ro<strong>do</strong>lfo Costa e Silva era presidente da Saneago. Iris acredita que a intenção<br />

de Mauro com essa candidatura era modernizar a administração pública. “Ele [Mauro]<br />

era um esquerdista” 109 . Pedro Lu<strong>do</strong>vico tinha outra preferência e sua escolha expõe as<br />

diferenças políticas entre pai e filho. De acor<strong>do</strong> com as l<strong>em</strong>branças de Iris, enquanto<br />

Mauro buscava um técnico, o velho líder alimentava a candidatura de um político<br />

tradicional, Jerônimo Pinheiro de Abreu, conheci<strong>do</strong> como Pinheirinho de Abreu.<br />

Pinheirinho era de Itaberaí, onde fora verea<strong>do</strong>r. Foi deputa<strong>do</strong> por <strong>do</strong>is mandatos,<br />

presidente da Ass<strong>em</strong>bléia Legislativa (1957–1958), m<strong>em</strong>bro da executiva estadual <strong>do</strong><br />

PSD e presidente <strong>do</strong> diretório metropolitano <strong>do</strong> parti<strong>do</strong>. Ele foi o primeiro presidente da<br />

106 Entrevista <strong>em</strong> 17/4/2007.<br />

107 Entrevista <strong>em</strong> 28/1/2008<br />

108 Entrevista, ibid<strong>em</strong>.<br />

109 Entrevista <strong>em</strong> 4/7/2007.<br />

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