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CUNHA, Cileide Alves. Aval do passado - Pós-Graduação em ...

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O insucesso bateu à porta de Iris Rezende <strong>em</strong> 1998, quan<strong>do</strong> perdeu sua<br />

primeira eleição que parecia ganha, na véspera, para o pouco conheci<strong>do</strong> candidato<br />

Marconi Perillo (PSDB). A derrota colocou <strong>em</strong> xeque um poder político até então<br />

inquestionável. Ainda assim lhe restaram quatro anos de mandato de sena<strong>do</strong>r e uma<br />

forte liderança política <strong>em</strong> Goiás. Só que a derrota apresentou-se a ele novamente quatro<br />

anos depois, deixan<strong>do</strong> seqüelas maiores ainda <strong>do</strong> que da primeira vez. Em 2002, Iris<br />

Rezende não se reelegeu para o Sena<strong>do</strong>: ficou s<strong>em</strong> mandato, e sua força política foi<br />

fort<strong>em</strong>ente abalada.<br />

Desta vez ele sentiu a força de todas as perdas reunidas: a derrota de 1998, a<br />

desconstrução de seu nome e o de sua família com o escândalo <strong>do</strong> Caso Caixego, 2<br />

explora<strong>do</strong> por Marconi Perillo, e a nova derrota de 2002, esta com o agravante de deixálo<br />

s<strong>em</strong> cargo, depois de 19 anos de mandatos ininterruptos. Iris sentiu-se um perde<strong>do</strong>r<br />

<strong>em</strong> 2002, sentimento que só havia experimenta<strong>do</strong> uma única vez <strong>em</strong> sua vida, <strong>em</strong><br />

outubro de 1969, quan<strong>do</strong> teve o mandato de prefeito de Goiânia cassa<strong>do</strong> no auge de sua<br />

popularidade e com a carreira <strong>em</strong> ascensão.<br />

Sua primeira reação com a derrota de 2002 foi isolar-se da cena política.<br />

Decidiu dedicar-se às suas fazendas e plantar soja. Enquanto a plantação crescia, Iris<br />

reorganizava-se. Colhida a safra, saiu <strong>do</strong> isolamento e voltou para Goiânia, ainda s<strong>em</strong> se<br />

2 Em 1990 o presidente Fernan<strong>do</strong> Collor de Mello (1990–1992) decretou a liquidação extrajudicial da<br />

Caixa Econômica <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> de Goiás (Caixego). Um grupo de 124 ex-funcionários entrou na Justiça<br />

reivindican<strong>do</strong> direitos trabalhistas. Ganharam o direito de receber R$ 14 milhões, mas fizeram um acor<strong>do</strong><br />

com o governo, ex-sócio majoritário <strong>do</strong> banco, e aceitaram receber R$ 5 milhões. Só que foram saca<strong>do</strong>s<br />

R$ 10 milhões da conta bancária da Caixego no BEG. Esse fato aconteceu às vésperas da eleição estadual<br />

de 1998. O Ministério Público Federal acusou o ex-liquidante Edival<strong>do</strong> Barbosa de sacar o dinheiro e<br />

passar R$ 5 milhões para Otoniel Macha<strong>do</strong> Carneiro, irmão de Iris Rezende, para usar na campanha<br />

eleitoral. A Justiça aceitou o processo com acusações a oito pessoas: os advoga<strong>do</strong>s Vald<strong>em</strong>ar Zaiden,<br />

Élcio Berquó Cura<strong>do</strong> Brum, Antônio Muniz Nóbrega e Leonar<strong>do</strong> Staccianini; o ex-procura<strong>do</strong>r-geral <strong>do</strong><br />

Esta<strong>do</strong> Gil Alberto Rezende; o ex-subprocura<strong>do</strong>r Isaías Carlos da Silva; Otoniel e o ex-liquidante. Em<br />

março de 1999, Edival<strong>do</strong> e Otoniel tiveram a prisão preventiva decretada pela Justiça Federal. O irmão de<br />

Iris sentiu-se mal com a notícia, foi hospitaliza<strong>do</strong> e não chegou a ser preso porque o pedi<strong>do</strong> de prisão foi<br />

revoga<strong>do</strong> pela instância superior antes de ele deixar o hospital. Posteriormente, o Superior Tribunal de<br />

Justiça considerou que a competência para julgar o caso era da Justiça estadual. O processo ainda aguarda<br />

julgamento. A defesa de Otoniel nega a acusação e alega que o dinheiro ficou com o advoga<strong>do</strong> Vald<strong>em</strong>ar<br />

Zaiden. Em março de 2000, foram deposita<strong>do</strong>s secretamente R$ 5 milhões na conta da Caixego <strong>em</strong> uma<br />

agência <strong>em</strong> Brasília. As investigações <strong>do</strong> escândalo, que ficou conheci<strong>do</strong> como Caso Caixego,<br />

começaram depois da posse de Marconi Perillo, que venceu Iris <strong>em</strong> 1998. O caso transformou-se <strong>em</strong><br />

escândalo político-eleitoral e foi amplamente usa<strong>do</strong> contra Iris Rezende e o PMDB. Iris voltou para a<br />

política, mas Otoniel Macha<strong>do</strong> não se recuperou <strong>do</strong> baque. Ele e seu sócio venderam o Hospital<br />

Samaritano, conservan<strong>do</strong> apenas o prédio. A saúde de Otoniel nunca mais se recuperou: ele sofre de mal<br />

de Alzheimer e de depressão, perdeu a m<strong>em</strong>ória e está incapacita<strong>do</strong> para o trabalho. Iris t<strong>em</strong> certeza de<br />

que a orig<strong>em</strong> da <strong>do</strong>ença foi o escândalo <strong>do</strong> Caso Caixego. Ele entende que Otoniel não estava prepara<strong>do</strong><br />

para “a violência da política”, diferent<strong>em</strong>ente dele, Iris, que se preparou para isso, durante sua vida<br />

(entrevista <strong>em</strong> 28/1/2008).<br />

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