CUNHA, Cileide Alves. Aval do passado - Pós-Graduação em ...
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modernização administrativa, volta<strong>do</strong> fundamentalmente para a construção de uma<br />
infra-estrutura (viária, urbanização, moradia etc).<br />
As condições políticas eram favoráveis à consolidação de sua liderança: a<br />
carência da cidade por obras, o seu desejo de construir 248 a cidade e o esfacelamento <strong>do</strong><br />
PSD com cassações e perseguições políticas e com a derrota de Peixoto da Silveira para<br />
o governo colocaram o recém-eleito prefeito no topo da hierarquia interna <strong>do</strong> PSD. Iris<br />
aproveitou essas condições para preparar uma administração “revolucionária” <strong>em</strong><br />
Goiânia, um passo que ele sabia ser fundamental para aumentar seu capital político para<br />
vôos maiores. Ele já tinha dito que não repetiria mandato, portanto, estava de olho no<br />
cargo de governa<strong>do</strong>r de Goiás.<br />
3.5 – A prefeitura: exame de admissão<br />
Administração revolucionária, na visão de Iris, é a que promove inovações e<br />
muda o perfil de uma cidade, transforman<strong>do</strong>-a por meio de investimentos públicos. A<br />
cidade queria asfalto e ele prometia “asfaltar uma rua por dia”; necessitava de moradia<br />
para os migrantes que não paravam de chegar, de postos de saúde, escolas, urbanização<br />
de praças etc. A expressão “revolução”, no senti<strong>do</strong> que Iris a entende, também foi usada<br />
por Mauro Borges para se referir a seu plano de governo: “Eu propunha uma verdadeira<br />
revolução na máquina administrativa <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>” (Teixeira, 2002, p. 179).<br />
Ao narrar sua experiência na prefeitura de Goiânia, Iris deixa subentendi<strong>do</strong><br />
que os resulta<strong>do</strong>s foram positivos porque ele é um bom administra<strong>do</strong>r público, t<strong>em</strong> faro<br />
político aguça<strong>do</strong>, sabe captar e interpretar b<strong>em</strong> as aspirações populares e ainda porque<br />
se relaciona b<strong>em</strong> com to<strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, o que, na sua visão, lhe abriu portas para a obtenção<br />
de recursos, inclusive no governo federal, a qu<strong>em</strong> fazia oposição. Em outras palavras,<br />
ele adquiriu “<strong>do</strong>mínio prático da lógica imanente <strong>do</strong> campo político” (Bourdieu, 1989,<br />
p. 170), fundamental para o bom des<strong>em</strong>penho na luta que se trava no campo político e<br />
para a ampliação <strong>do</strong> capital político.<br />
248 O verbo construir foi usa<strong>do</strong> neste contexto propositalmente. O funda<strong>do</strong>r da cidade foi Pedro Lu<strong>do</strong>vico<br />
Teixeira, que possibilitou a construção de tu<strong>do</strong> que aqui havia. Mas Goiânia tinha cresci<strong>do</strong> tão<br />
vertiginosamente que não é apenas uma figura de linguag<strong>em</strong> afirmar que tu<strong>do</strong> estava para ser construí<strong>do</strong><br />
na cidade <strong>em</strong> mea<strong>do</strong>s da década de 60.