CUNHA, Cileide Alves. Aval do passado - Pós-Graduação em ...
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traços de coman<strong>do</strong>, às vezes concilia<strong>do</strong>res, às vezes enérgicos e autoritários” (Lyra,<br />
1991, p. 35). Ele promovia congressos estaduais e nacionais, concurso de oratória,<br />
conferências e editava os jornais das escolas. Responsabilizou-se até pela organização<br />
<strong>do</strong> desfile de 7 de Set<strong>em</strong>bro da escola de Campinas.<br />
Na presidência <strong>do</strong> grêmio <strong>do</strong> Colégio Liceu, Iris descobriu que a entidade<br />
fundara uma cooperativa de estudantes para ter acesso a um recurso da Secretaria de<br />
Educação. “Era coisa [a criação da cooperativa] desses estudantes esquerdistas, uma<br />
maneira de ter dinheiro, mas [eles] não conseguiram [receber o repasse].” 47 O secretário<br />
de Educação era José Feliciano Ferreira, um político conheci<strong>do</strong> no Esta<strong>do</strong>, que se<br />
elegeria governa<strong>do</strong>r pelo PSD <strong>em</strong> 1958, quan<strong>do</strong> a diretoria <strong>do</strong> grêmio conseguiu<br />
regularizar a cooperativa e torná-la apta a receber a verba <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>. O grêmio passou,<br />
então, a ter dinheiro <strong>em</strong> caixa.<br />
Iris decidiu usar o recurso para comprar livros e teci<strong>do</strong>s para o uniforme <strong>do</strong>s<br />
alunos <strong>do</strong> Liceu, duas despesas que pesavam no orçamento <strong>do</strong>s estudantes. Procurou a<br />
direção <strong>do</strong> colégio para negociar a redução da lista de livros didáticos a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s pela<br />
escola – cada professor podia indicar vários autores para a mesma disciplina. A direção<br />
da escola convi<strong>do</strong>u Iris a participar de uma ass<strong>em</strong>bléia de professores e ele saiu de lá<br />
com a redução da lista a, no máximo, <strong>do</strong>is autores por disciplina.<br />
Tu<strong>do</strong> acerta<strong>do</strong>, partiu para São Paulo. Ele comprou uma grande quantidade de<br />
livros e muitas peças de tricoline, bege e branco, as cores <strong>do</strong> uniforme <strong>do</strong> Colégio<br />
Liceu. Alugou um caminhão e despachou a merca<strong>do</strong>ria para Goiânia. Quase um ano<br />
depois de <strong>em</strong>possa<strong>do</strong> – o mandato de presidente no Liceu era de um ano –, Iris montava<br />
uma feira no pátio <strong>do</strong> colégio para vender livros e teci<strong>do</strong>s a preço de custo a seus<br />
colegas. Logo depois, outra novidade fez muito sucesso entre os estudantes: um<br />
programa de auditório de rádio, transmiti<strong>do</strong> <strong>do</strong> pátio <strong>do</strong> Colégio Liceu pela Rádio Brasil<br />
Central, <strong>em</strong>issora que na época pertencia ao sena<strong>do</strong>r Coimbra Bueno.<br />
A escola e depois o movimento estudantil possibilitaram a Iris conhecer muita<br />
gente. Jerônimo Coimbra Bueno foi um deles. Eles se conheceram <strong>em</strong> dez<strong>em</strong>bro de<br />
1953, quan<strong>do</strong> Iris e seus colegas convidaram Coimbra para ser paraninfo de sua turma<br />
de forman<strong>do</strong>s. Engenheiro e construtor de Goiânia, Coimbra era oposição a Pedro<br />
47 Entrevista <strong>em</strong> 2/12/2006.<br />
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