CUNHA, Cileide Alves. Aval do passado - Pós-Graduação em ...
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107<br />
Ele conta que seus assessores tentaram convencê-lo a ceder à pressão <strong>do</strong>s<br />
militares. Eles redigiram um manifesto, para ser envia<strong>do</strong> a Brasília, <strong>em</strong> que ele<br />
informava sua adesão. Iris garante que nunca chegou a assinar o <strong>do</strong>cumento, que teria,<br />
inclusive, recebi<strong>do</strong> o carimbo com seu nome. A cópia desse manifesto apareceu na précampanha<br />
eleitoral de 1982. Em janeiro daquele ano, a TV Anhanguera promoveu um<br />
debate entre o então prefeito Índio <strong>do</strong> Brasil Artiaga e Iris Rezende, pré-candidato a<br />
governa<strong>do</strong>r pelo PMDB. Iris fazia campanha eleitoral desfian<strong>do</strong> duras críticas à ditadura<br />
militar. Para tentar desmoralizá-lo, Índio exibiu no ar cópia desse <strong>do</strong>cumento <strong>do</strong> final da<br />
década de 60 e acusou-o de adesista. Na época, a TV Anhanguera ainda não media a<br />
audiência de sua programação por meio de pesquisas, mas Jackson Abrão, diretor de<br />
Jornalismo da <strong>em</strong>issora, recorda-se de que o debate mobilizou a cidade, pois foi o<br />
primeiro debate político na TV brasileira depois <strong>do</strong> início da abertura política, que<br />
começou com a anistia <strong>em</strong> 1979. “Parecia clima de Copa <strong>do</strong> Mun<strong>do</strong>”, rel<strong>em</strong>bra o<br />
jornalista <strong>em</strong> entrevista a esta pesquisa<strong>do</strong>ra. 181 Iris defendeu-se alegan<strong>do</strong> que carimbo<br />
não era assinatura e garantiu que o <strong>do</strong>cumento nunca foi envia<strong>do</strong>.<br />
O clima político não lhe era favorável, mas Iris não imaginava que corria risco<br />
de perder o mandato. Ele dedicava-se à administração da prefeitura, fazia propaganda<br />
das obras que espalhava pela cidade com o intuito de se cacifar para disputar, pelo<br />
MDB, a eleição para governa<strong>do</strong>r <strong>em</strong> 1970. Sua ambição política incomo<strong>do</strong>u seus<br />
adversários. Iris acha que uma visita que fez a Uruana foi a cartada final no processo<br />
que culminou com sua cassação. Ele já estava com a campanha nas ruas. Eram<br />
calendários, cartazes e santinhos com os slogans “Iris eleito, povo satisfeito” e “Bom<br />
para 70.” Esse santinho trazia a foto de Iris na frente e, no verso, a imag<strong>em</strong> de um<br />
macha<strong>do</strong> sobre o mapa de Goiás, <strong>em</strong> verde e amarelo, impressos abaixo de um arco-íris.<br />
Diferent<strong>em</strong>ente de hoje, a legislação eleitoral não fazia restrições ao início da<br />
campanha.<br />
Iris não se l<strong>em</strong>bra da data exata, mas conta que o deputa<strong>do</strong> Anapolino de Faria<br />
convi<strong>do</strong>u-o a ir à festa de aniversário de Uruana. 182 Recorda-se de que resistiu ao<br />
convite, pois imaginou que o governa<strong>do</strong>r estaria na cidade para as com<strong>em</strong>orações<br />
181 Entrevista <strong>em</strong> 3/7/2008, <strong>em</strong> sua sala na TV Anhanguera.<br />
182 Uruana faz aniversário <strong>em</strong> 20 de julho. Como a visita foi antes da cassação de Iris e quan<strong>do</strong> ele já<br />
estava <strong>em</strong> campanha para a eleição estadual de 1970, esse episódio deve ter ocorri<strong>do</strong> <strong>em</strong> 20 de julho de<br />
1969.