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CUNHA, Cileide Alves. Aval do passado - Pós-Graduação em ...

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115<br />

ministro daqui, às 11 horas da noite, quan<strong>do</strong> nós chegamos no hotel e contou para ele. “Olha,<br />

então a história <strong>do</strong> governa<strong>do</strong>r não está b<strong>em</strong> contada, vocês vão com mais cautela’. “Mas o<br />

senhor não comenta que eu estou lhe contan<strong>do</strong>.” 198<br />

Iris guar<strong>do</strong>u segre<strong>do</strong>, mas foi tomar providências para se manter no cargo. No<br />

dia seguinte, viajou para o Rio de Janeiro, s<strong>em</strong> revelar o motivo da viag<strong>em</strong>. Pediu ao<br />

deputa<strong>do</strong> federal Anísio Rocha que marcasse uma audiência com o ministro<br />

Albuquerque. Iris informou ao ministro as providências que tomara para apurar a<br />

denúncia e lhe pediu o seguinte: “Eu quero que o senhor designe o SNI, porque eu acho<br />

que eu mereço isso dessa República, para fazer lá este levantamento para o senhor ver o<br />

que estão preparan<strong>do</strong> contra mim.” 199 Iris relata que no dia seguinte recebeu um<br />

telefon<strong>em</strong>a de Anísio de Souza com a seguinte informação: “Olha, a sua encomenda já<br />

foi e já deve ter chega<strong>do</strong> aí ont<strong>em</strong>, quan<strong>do</strong> muito hoje.”<br />

A providência, segun<strong>do</strong> Iris, permitiu uma investigação isenta. Posteriormente,<br />

Iris recebeu <strong>do</strong> presidente <strong>do</strong> BNH, Mário Trindade, no Rio, a informação de que as<br />

investigações não confirmaram a denúncia e que os recursos seriam libera<strong>do</strong>s para a<br />

continuação das obras <strong>do</strong>s conjuntos habitacionais. Iris conta que no mesmo dia voltou<br />

ao ministério e disse a Albuquerque Lima:<br />

Ministro, eu vim aqui porque encontrei na vida um hom<strong>em</strong> que respeita a dignidade <strong>do</strong>s<br />

outros. O senhor tinha tu<strong>do</strong> para me triturar, levan<strong>do</strong> <strong>em</strong> conta o sist<strong>em</strong>a político que nós<br />

viv<strong>em</strong>os, mas o senhor me dispensou sua consideração. Talvez o senhor tenha percebi<strong>do</strong> o<br />

sofrimento estampa<strong>do</strong> <strong>em</strong> meu rosto naquele dia <strong>em</strong> que vim aqui. [...] Quero falar para o<br />

senhor uma coisa: se eu morrer antes <strong>do</strong> senhor, o senhor tenha a certeza de que eu morri<br />

agradeci<strong>do</strong> ao senhor, sou grato. Se o senhor morrer antes, morra saben<strong>do</strong> que eu vou chorar a<br />

sua morte. 200<br />

Segun<strong>do</strong> Iris, o ministro o convi<strong>do</strong>u a jantar <strong>em</strong> sua casa naquela noite. A<br />

partir desse dia, ele visitava o general Albuquerque Lima todas as vezes que ia ao Rio<br />

de Janeiro. Para seu azar, uma dessas visitas ocorreu no dia <strong>em</strong> que a Vila Militar se<br />

insurgiu contra a escolha <strong>do</strong> presidente da República, por isso Iris teve de prestar<br />

esclarecimentos sobre esse encontro aos coronéis Lima Castro e Fleury e ao capitão<br />

Fleury no <strong>do</strong>mingo, <strong>do</strong>is dias depois de sua cassação, ao ser chama<strong>do</strong> ao 10º Batalhão<br />

de Caça<strong>do</strong>res.<br />

198 Entrevista, ibid<strong>em</strong>.<br />

199 Entrevista, ibid<strong>em</strong>.<br />

200 Entrevista, ibid<strong>em</strong>.

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