CUNHA, Cileide Alves. Aval do passado - Pós-Graduação em ...
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compl<strong>em</strong>entar o mandato <strong>do</strong> Mauro. Um hom<strong>em</strong> que foi meu professor, sensato, competente.”<br />
E fez ali uma apologia da pessoa, que era o general, o marechal Ribas Júnior. 101<br />
Iris conta que Castello Branco prometeu que Ribas levaria “a paz a Goiás, para<br />
apaziguar a família goiana.” E rel<strong>em</strong>bra que os deputa<strong>do</strong>s voltaram ao Esta<strong>do</strong> e<br />
relataram a conversa a Pedro Lu<strong>do</strong>vico e às lideranças <strong>do</strong> PSD, que decidiram aceitar a<br />
indicação de Ribas, a respeito de qu<strong>em</strong> o presidente assumiu a responsabilidade de que<br />
“não seria um instrumento de vindita, de perseguição ou de promoção de qu<strong>em</strong> quer que<br />
seja”, segun<strong>do</strong> o relato de Iris. 102<br />
Às 22 horas de 7 de janeiro de 1965, a Ass<strong>em</strong>bléia presidida por Iris Rezende<br />
elegeu o marechal Emílio Rodrigues Ribas Júnior a governa<strong>do</strong>r e Almir Turisco, a vicegoverna<strong>do</strong>r.<br />
Turisco era <strong>do</strong> PSD e foi indica<strong>do</strong> pelo parti<strong>do</strong>, <strong>em</strong> um acor<strong>do</strong> com o<br />
Palácio <strong>do</strong> Planalto, pois, apesar de sua lealdade partidária, era ideologicamente<br />
conserva<strong>do</strong>r e por isso mais próximo da filosofia <strong>do</strong>s militares (Rocha, 2004, p. 106).<br />
Os <strong>do</strong>is completariam o mandato de Mauro, de cinco anos, que só venceria <strong>em</strong> 1965.<br />
Até esse desfecho, Goiás vivera um tenso perío<strong>do</strong> político, marca<strong>do</strong> pela<br />
disputa entre PSD e UDN, que se alinhou à linha dura <strong>do</strong>s militares para conseguir a<br />
deposição de Mauro Borges. Em O Golpe <strong>em</strong> Goiás, (2004) Souza informa que a<br />
deposição de Mauro encerrou a crise política instalada no Esta<strong>do</strong> desde 1962, com a<br />
disputa entre os <strong>do</strong>is parti<strong>do</strong>s. Como presidente da Ass<strong>em</strong>bléia, Iris test<strong>em</strong>unhou vários<br />
episódios dessa crise. Um, <strong>em</strong> particular, considera determinante para a consolidação de<br />
sua carreira política e para estreitar seu relacionamento com a família Lu<strong>do</strong>vico, que ele<br />
construía lentamente desde 1960, quan<strong>do</strong> atendeu ao convite de Gercina Borges<br />
Teixeira para fazer campanha para o filho Mauro Borges <strong>em</strong> Campinas.<br />
O episódio foi um encontro, <strong>em</strong> mea<strong>do</strong>s de junho de 1964, com o general Luiz<br />
Carneiro de Castro e Silva. Iris fora chama<strong>do</strong> pelo governa<strong>do</strong>r ao Palácio das<br />
Esmeraldas, num <strong>do</strong>mingo, por volta das 15 horas, para informá-lo de que o general<br />
estava <strong>em</strong> Goiânia. Castro e Silva havia visita<strong>do</strong> o governa<strong>do</strong>r e o presidente <strong>do</strong><br />
Tribunal de Justiça, o des<strong>em</strong>barga<strong>do</strong>r Geral<strong>do</strong> Bonfim de Freitas. Iris recorda-se de<br />
Mauro contar-lhe que n<strong>em</strong> ele n<strong>em</strong> o des<strong>em</strong>barga<strong>do</strong>r entenderam o real motivo da<br />
visita. O governa<strong>do</strong>r informou-o de que o general também queria encontrar-se com o<br />
101<br />
Entrevista <strong>em</strong> 17/4/2007.<br />
102<br />
Entrevista, ibid<strong>em</strong>.<br />
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