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CUNHA, Cileide Alves. Aval do passado - Pós-Graduação em ...

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124<br />

A escolha de Pedro Lu<strong>do</strong>vico pela candidatura de Iris Rezende a governa<strong>do</strong>r,<br />

<strong>em</strong> vez de indicar seu próprio filho que fora deposto <strong>do</strong> governo <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> pelos<br />

militares <strong>em</strong> uma intervenção violenta <strong>em</strong> nov<strong>em</strong>bro de 1964, tinha um significa<strong>do</strong><br />

político, mas que não recebeu destaque no jornal. No dia seguinte ao sepultamento de<br />

Pedro, a Folha de Goiaz (18/8/79, p. 3) afirmava que Mauro Borges “deverá continuar a<br />

obra de Pedro”. Pela análise da Folha, o ex-governa<strong>do</strong>r cumpriria o papel de unir o<br />

MDB, ameaça<strong>do</strong> de racha entre Santillo e Iris Rezende. A segunda parte da previsão<br />

acabou se confirman<strong>do</strong>: Santillo deixou o PMDB – a Arena e o MDB, os <strong>do</strong>is únicos<br />

parti<strong>do</strong>s existentes no perío<strong>do</strong> da ditadura, foram extintos <strong>em</strong> 1980, e substituí<strong>do</strong>s por<br />

PDS e PMDB, respectivamente –, porque fora preteri<strong>do</strong> na escolha interna <strong>do</strong> candidato<br />

a governa<strong>do</strong>r. Filiou-se ao PT, mas por pouco t<strong>em</strong>po: ele recompôs-se com Iris e<br />

indicou o <strong>em</strong>presário Onofre Quinan para ser vice-governa<strong>do</strong>r <strong>em</strong> sua chapa na eleição<br />

de 1982.<br />

Já a primeira previsão acabou não se confirman<strong>do</strong>: Mauro não continuou a<br />

obra de Pedro. Talvez por pressentir que o filho não reunira as condições para sucedêlo,<br />

o pai apostara na candidatura de Iris ao governo. Iris acredita que tinha condições<br />

para suceder Pedro Lu<strong>do</strong>vico e que este sentia isso, porque Pedro “era um político de<br />

olhos clínicos” e teria percebi<strong>do</strong> que ele tinha mais liderança política que seu filho:<br />

“Não tenho dúvida, não tenho dúvida. Isso ele percebeu.” 216<br />

O político que baixara à sepultura naquele fim de tarde da sexta-feira, 17 de<br />

agosto de 1979, e que Iris tinha a pretensão de suceder, construíra uma trajetória política<br />

longa, polêmica e deixava muitos serviços presta<strong>do</strong>s ao Esta<strong>do</strong>. Já a história política de<br />

Iris Rezende Macha<strong>do</strong> começara a ser construída no final <strong>do</strong>s anos 50, quan<strong>do</strong> um<br />

turbilhão de mudanças econômicas, políticas e sociais desenhava um novo perfil para o<br />

País. Goiás sentia os efeitos da construção de Goiânia, consolidada com a transferência<br />

da antiga para a nova capital entre os anos de 1937 a 1942, da Marcha para o Oeste e da<br />

construção de Brasília.<br />

A efervescência da época produzia novos atores políticos <strong>em</strong> Goiás e esboçava<br />

os contornos de um Esta<strong>do</strong> que dava os primeiros passos para sair de uma economia<br />

rural e de subsistência para uma economia urbana e voltada a atender ao merca<strong>do</strong>,<br />

começan<strong>do</strong> com a expansão de sua fronteira agrícola no final <strong>do</strong>s anos 60. Inicia-se uma<br />

216 Entrevista <strong>em</strong> 4/7/2007.

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