18.06.2013 Views

CUNHA, Cileide Alves. Aval do passado - Pós-Graduação em ...

CUNHA, Cileide Alves. Aval do passado - Pós-Graduação em ...

CUNHA, Cileide Alves. Aval do passado - Pós-Graduação em ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

173<br />

repensan<strong>do</strong> conceitos como a passividade das classes trabalha<strong>do</strong>ras, a manipulação<br />

política, a categoria de cooptação como o reverso de representação. Por essas razões, ela<br />

evitou usar o conceito de populismo – “tu<strong>do</strong> o que estivesse qualifica<strong>do</strong> como populista<br />

enfatizava a dimensão de controle/ação <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> sobre as massas”[...] – que trocou por<br />

“pacto”, uma idéia que não desconhece a relação entre desiguais, mas onde não há um<br />

Esta<strong>do</strong> to<strong>do</strong>-poderoso n<strong>em</strong> uma classe trabalha<strong>do</strong>ra passiva (2001, p. 43–49).<br />

Ferreira (2001) informa também que estu<strong>do</strong>s de intelectuais de várias<br />

concepções ideológicas definiram o populismo de forma muito parecida. Ele divide as<br />

pesquisas sobre o populismo <strong>em</strong> três gerações. Com algumas variações, <strong>em</strong> todas elas o<br />

Esta<strong>do</strong> aparece como manipula<strong>do</strong>r, coopta<strong>do</strong>r, e a sociedade civil, <strong>em</strong> especial a classe<br />

trabalha<strong>do</strong>ra, como vítima. Ferreira questiona a formulação segun<strong>do</strong> a qual o populismo<br />

sustentou-se graças à repressão política, à propaganda ideológica e ao controle social<br />

<strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res, porque essa formulação pressupõe uma relação de mão única entre o<br />

Esta<strong>do</strong> e a sociedade/classe trabalha<strong>do</strong>ra e desconhece o viés da satisfação das<br />

necessidades <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res.<br />

Ele critica os teóricos <strong>do</strong> populismo por não distinguir políticos de matizes<br />

políticas diferentes, igualan<strong>do</strong> Leonel Brizola e João Goulart (PTB), passan<strong>do</strong> por<br />

udenistas ou seus alia<strong>do</strong>s como Carlos Lacerda e Jânio Quadros, por Adh<strong>em</strong>ar de<br />

Barros, Eurico Dutra até Juscelino Kubitschek (PSD) “porque se dirig<strong>em</strong> ao povo, s<strong>em</strong><br />

distinguir as contradições de classes contidas nessa concepção” (2001 p. 76–77).<br />

Ferreira acha, diferent<strong>em</strong>ente, que essa relação é de interlocução, de cumplicidade. Ele<br />

rejeita a vertente de vitimização da sociedade e questiona por que a teoria da História<br />

Cultural – que usa os conceitos de cultura, tradição, circularidade e resistência entre os<br />

povos – não foi usada no Brasil para explicar o populismo (2001, p. 100).<br />

O autor destaca os trabalhos, a partir <strong>do</strong>s anos 70, que viram com<br />

“inconformismo” o que, até então, era uma imposição, isto é, “a noção de populismo<br />

como política de massas, estilo de governo ten<strong>do</strong> por idéias básicas o controle, a<br />

manipulação e a tutela <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>”. Entre esses estudiosos, ele cita Miguel Bodea, que<br />

questionou <strong>em</strong> Weffort “a tipologia da relação ‘líder populista–massas populares’ e a<br />

idéia de que o populismo teria si<strong>do</strong> um pouco mais que uma ‘forma pequeno-burguesa<br />

de consagração <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>’, uma vez que desestimularia a organização partidária” com<br />

da<strong>do</strong>s que mostram o contrário: “Getúlio Vargas, Alberto Pasqualini, João Goulart e

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!