CUNHA, Cileide Alves. Aval do passado - Pós-Graduação em ...
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próprias m<strong>em</strong>órias, nasci<strong>do</strong> da quebra de solidariedade <strong>do</strong> m<strong>em</strong>orialista com o<br />
m<strong>em</strong>oriza<strong>do</strong>” (Lima, s/d, p. 56). A narrativa biográfica de Iris, portanto, é a janela da<br />
qual se observa como persona: narrativa da sua imag<strong>em</strong> de hom<strong>em</strong> público. Como o<br />
historia<strong>do</strong>r lida com essa narrativa como fonte? Interessa, sobretu<strong>do</strong>, o probl<strong>em</strong>a. Qual<br />
probl<strong>em</strong>a? Compreender a permanência <strong>do</strong> poder de Iris Rezende <strong>em</strong> Goiás por cinco<br />
décadas, a construção da imag<strong>em</strong> <strong>do</strong> hom<strong>em</strong> público e a própria noção de hom<strong>em</strong><br />
público e de sua vocação política <strong>em</strong> meio a uma sociedade marcada pela presença <strong>do</strong><br />
poder oligárquico.<br />
1.2 – Um projeto de história oral<br />
A fonte desta investigação é o test<strong>em</strong>unho oral. As entrevistas de Iris Rezende<br />
constitu<strong>em</strong> a base para a análise da trajetória individual, <strong>do</strong>s eventos e <strong>do</strong>s processos<br />
históricos construí<strong>do</strong>s com sua ajuda ao longo de um perío<strong>do</strong> de sua carreira política. O<br />
conjunto das entrevistas, realizadas <strong>em</strong> mais de um ano, forma um <strong>do</strong>cumento único,<br />
fruto <strong>do</strong> diálogo entre ele e esta pesquisa<strong>do</strong>ra, “entre sujeito e objeto da pesquisa”, s<strong>em</strong><br />
a mediação de terceiros.<br />
Marieta de Moraes Ferreira e Janaína Ama<strong>do</strong>, organiza<strong>do</strong>ras de Usos &<br />
abusos da história oral (2006), argumentam, com base na contribuição de vários<br />
autores, que o diálogo entre entrevista<strong>do</strong>r e entrevista<strong>do</strong> “leva o historia<strong>do</strong>r a afastar-se<br />
de interpretações fundadas numa rígida separação entre sujeito/objeto de pesquisa, e a<br />
buscar caminhos alternativos de interpretação”.<br />
Por isso, a interpretação deste trabalho pretende se diferenciar das pesquisas<br />
convencionais, de confrontar fontes e <strong>do</strong>cumentos e de busca por da<strong>do</strong>s inéditos. Como<br />
observam as duas autoras citadas, aqui a interpretação buscará el<strong>em</strong>entos e perspectivas<br />
incomuns <strong>em</strong> outras práticas históricas como a subjetividade, as <strong>em</strong>oções, os detalhes, o<br />
cotidiano e até o “saber indiciário” (Ginzburg, 1989).<br />
Marieta Ferreira e Janaína Ama<strong>do</strong> estão entre os defensores da história oral<br />
não só como uma técnica de trabalho, mas como uma meto<strong>do</strong>logia de pesquisa. Para<br />
elas, a história oral, como todas as meto<strong>do</strong>logias, “apenas estabelece e ordena<br />
procedimentos de trabalho [...], funcionan<strong>do</strong> como ponte entre teoria e prática”. Mas<br />
ressalvam que, na teoria, esta modalidade da história apenas suscita, jamais soluciona<br />
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