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CUNHA, Cileide Alves. Aval do passado - Pós-Graduação em ...

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109<br />

O presidente Costa e Silva ficou <strong>do</strong>ente <strong>em</strong> mea<strong>do</strong>s de agosto de 1969. Ele foi<br />

afasta<strong>do</strong> <strong>do</strong> cargo assim que os militares perceberam seu esta<strong>do</strong> de saúde – ele tinha<br />

sofri<strong>do</strong> uma isqu<strong>em</strong>ia cerebral. Um golpe dentro <strong>do</strong> golpe impediu a posse <strong>do</strong> vicepresidente,<br />

Pedro Aleixo. Em 31 de agosto, uma junta militar assumiu a Presidência da<br />

República. A cassação de Iris ocorreu depois da licença de Costa e Silva e foi assinada<br />

pela junta militar. O novo presidente, Garrastazu Médici assumiu 13 dias depois de sua<br />

cassação, <strong>em</strong> 30 de outubro de 1969.<br />

As tentativas de cassar Iris são anteriores à <strong>do</strong>ença e ao afastamento de Costa e<br />

Silva. Em 2 de junho de 1969, o governa<strong>do</strong>r Otávio Lage encaminhou o ofício nº<br />

148/69 ao ministro da Justiça, Luiz Antônio da Gama e Silva. 187 No <strong>do</strong>cumento, de três<br />

laudas e com o carimbo de confidencial, Otávio diz que se limitaria “ao<br />

encaminhamento de <strong>do</strong>cumentos, fazen<strong>do</strong> ligeiras observações, mas s<strong>em</strong> formular<br />

qualquer pedi<strong>do</strong> a respeito.” O governa<strong>do</strong>r afirma que deixava a critério <strong>do</strong> ministro as<br />

medidas que considerasse convenientes.<br />

O governa<strong>do</strong>r, então, informa que Iris era candidato oposicionista,<br />

“virtualmente lança<strong>do</strong> e já <strong>em</strong> plena campanha eleitoral” a sua sucessão no governo e<br />

diz que, mesmo assim, não o anima “nenhum radicalismo político-partidário.” Apesar<br />

disso, afirma que Iris “t<strong>em</strong> se pauta<strong>do</strong> por normas condenáveis e divergentes <strong>do</strong>s<br />

princípios e objetivos revolucionários” nas questões políticas, sociais e até<br />

administrativas.<br />

Relata que ele é “pródigo <strong>em</strong> discursos <strong>em</strong> comícios, na imprensa, no rádio e<br />

na televisão”, mas s<strong>em</strong> nunca dizer “uma palavra de solidariedade à revolução.” “Ao<br />

contrário, cerca<strong>do</strong> s<strong>em</strong>pre de assessores audaciosos, e aparent<strong>em</strong>ente indefini<strong>do</strong>s, mas<br />

na verdade, afina<strong>do</strong>s com a corrente anti-revolucionária, encarna o senhor Iris Rezende<br />

Macha<strong>do</strong> a esperança de retorno à filosofia e aos sist<strong>em</strong>as administrativos proscritos<br />

pela revolução.” O governa<strong>do</strong>r informa que Iris mantém contato permanente com os<br />

políticos cassa<strong>do</strong>s e que é “fiel e <strong>do</strong>ce às orientações <strong>do</strong> sena<strong>do</strong>r Pedro Lu<strong>do</strong>vico<br />

Teixeira.”<br />

O ofício informa ao ministro Luiz Gama que Iris mantém, na prefeitura, exassessores<br />

de Mauro Borges, entre eles Sebastião Arantes, e chega ao ponto central <strong>do</strong><br />

187<br />

A cópia desse ofício foi publicada pelo Popular <strong>em</strong> 7/10/1995, às vésperas da cassação de Iris<br />

completar 16 anos.

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