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CUNHA, Cileide Alves. Aval do passado - Pós-Graduação em ...

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tu<strong>do</strong>” (1990, p. 100). Além dessas qualidades pessoais e paternalistas, Macha<strong>do</strong> inclui o<br />

momento nacional, que possibilitou a expansão capitalista, favorecen<strong>do</strong> a modernização<br />

de Goiás. “As transformações por que passa o Esta<strong>do</strong>, decorrentes de uma mentalidade<br />

progressista/moderniza<strong>do</strong>ra, parec<strong>em</strong> aos olhos da população advindas da vontade e das<br />

mãos <strong>do</strong> hom<strong>em</strong> Pedro Lu<strong>do</strong>vico” (1990, p. 101). Aos olhos da população ele se<br />

perpetua e se transforma no mito.<br />

Macha<strong>do</strong> l<strong>em</strong>bra que havia outros líderes <strong>do</strong> movimento de 30 <strong>em</strong> Goiás com<br />

mais prestígio que Pedro Lu<strong>do</strong>vico (Domingo Vellasco, Americano <strong>do</strong> Brasil e Mário<br />

Caia<strong>do</strong>). Entretanto, observa, ele <strong>em</strong>ergiu como líder, interventor, representante de<br />

Getúlio Vargas <strong>em</strong> Goiás por várias razões. A primeira delas pelo fato de representar a<br />

região sul/su<strong>do</strong>este, que concentrava poder econômico na época. Sua formação<br />

intelectual mais aberta aproximou-o das necessidades da elite progressista da região e<br />

lhe deu suporte teórico para assumir a direção <strong>do</strong> movimento. Aliada a essas condições,<br />

a ação política de Pedro, que o levou a pegar <strong>em</strong> armas e a se aproximar <strong>do</strong> tenentismo,<br />

el<strong>em</strong>ento importante à sua ascensão ao poder posteriormente (1990, pp. 101–102).<br />

Iris Rezende também carrega marcas de uma liderança carismática, que pod<strong>em</strong><br />

ser observadas <strong>em</strong> sua ação política. Acho pr<strong>em</strong>aturo, <strong>em</strong> seu caso, identificar as marcas<br />

de seu carisma com base no conceito que ele goza entre seus cont<strong>em</strong>porâneos, como<br />

Macha<strong>do</strong> fez <strong>em</strong> relação a Pedro Lu<strong>do</strong>vico. Afinal, Iris está, ainda, disputan<strong>do</strong> o poder e<br />

enfrentan<strong>do</strong> seus adversários. O reconhecimento <strong>do</strong> lega<strong>do</strong> de um político é,<br />

geralmente, atesta<strong>do</strong> após sua morte. Mas, <strong>em</strong> seu depoimento, pode-se perceber como<br />

Iris aproxima-se de Lu<strong>do</strong>vico e quer deixar um lega<strong>do</strong> que o transforme, ainda que<br />

simbolicamente, <strong>em</strong> seu sucessor.<br />

Em primeiro lugar, destaco sua convicção de que ele foi prepara<strong>do</strong> para<br />

cumprir uma “missão”. Nasceu <strong>em</strong> uma comunidade evangélica, recebeu uma educação<br />

“sustentada pela Bíblia”, para “ter respeito maior pelas coisas e pessoas”, trabalhou duro<br />

na roça para conhecer como viveu a maioria da população goiana antes <strong>do</strong> êxo<strong>do</strong> rural e<br />

depois experimentou o drama <strong>do</strong>s migrantes na cidade e sofreu como eles a difícil<br />

adaptação à vida urbana.<br />

Como considera que recebeu o chamamento para a política com a missão de<br />

ajudar as pessoas e de mudar a administração pública, Iris diz que teve de ser<br />

“corajoso”, ter “atitude” e “iniciativa”, estar pronto para qualquer tipo de <strong>em</strong>bate. Ele<br />

t<strong>em</strong> revela<strong>do</strong> ao longo de sua carreira, ser um político que sabe tomar decisões, mesmo

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