CUNHA, Cileide Alves. Aval do passado - Pós-Graduação em ...
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Caesgo, cargo que dirigiu até 1964. 110 Pedro Lu<strong>do</strong>vico indicava os presidentes <strong>do</strong>s<br />
diretórios e quan<strong>do</strong> Pinheirinho de Abreu assumiu a direção <strong>do</strong> parti<strong>do</strong> <strong>em</strong> Goiânia Iris<br />
entendeu que ele era o candidato de Pedro a prefeito da capital.<br />
Saía candidato [a prefeito] qu<strong>em</strong> o presidente <strong>do</strong> diretório quisesse. [...] Eu até procurei o dr.<br />
Pedro e perguntei: “Dr. Pedro, o senhor t<strong>em</strong> uma definição sobre essa questão de candidatura à<br />
prefeitura de Goiânia?” Ele disse: “Não.” “Mas o senhor botou o diretório nas mãos <strong>do</strong><br />
Pinheiro de Abreu.” “Mas isso é só até passar a eleição.” 111<br />
O candidato a prefeito era escolhi<strong>do</strong> pelos presidentes <strong>do</strong>s subdiretórios. Nessa<br />
época, segun<strong>do</strong> Iris, Pinheiro de Abreu estava trabalhan<strong>do</strong> contra sua candidatura. Ele<br />
l<strong>em</strong>bra que o presidente <strong>do</strong> subdiretório da Vila Nova manifestou apoio a seu nome, e<br />
foi imediatamente destituí<strong>do</strong> <strong>do</strong> cargo pelo presidente <strong>do</strong> diretório metropolitano. Até<br />
essa ocasião, estava claro para Iris que sua candidatura enfrentava resistências internas<br />
no PSD. Sua situação só mu<strong>do</strong>u naquela noite, depois de seu encontro com o general<br />
Castro e Silva, quan<strong>do</strong> Mauro Borges lhe confessou que não estava sen<strong>do</strong> correto com<br />
ele.<br />
Ele então me disse: “Eu vou falar com o meu pai” (quer dizer que eu não era candidato de<br />
nenhum deles, né?). Eu respondi: “O senhor fale com o Evaristo”, o verea<strong>do</strong>r Evaristo<br />
Martins, (ele era muito chega<strong>do</strong> a eles, acho que foi o dr. Pedro qu<strong>em</strong> o criou). “Por quê?”<br />
“Porque o Evaristo fica aí fuxican<strong>do</strong> com o Pinheirinho.” No dia seguinte, o Evaristo estava lá<br />
[no Palácio]. Estava ali na entrada, não sei se ainda t<strong>em</strong> esse toalete ao la<strong>do</strong> <strong>do</strong> salão onde é a<br />
reunião, e Mauro disse: “O candidato nosso agora é o Iris, é o Iris. Não t<strong>em</strong> outro, não” [Iris<br />
fala cochichan<strong>do</strong>, imitan<strong>do</strong> o tom de Mauro Borges]. “É o Iris, não t<strong>em</strong> outro não, é ele.” 112<br />
Iris acredita que só foi definitivamente aceito pelos Lu<strong>do</strong>vico com essa<br />
d<strong>em</strong>onstração de lealdade, ao recusar-se a cumprir a determinação <strong>do</strong> general Castro e<br />
Silva. Antes disso, sentiu que não tinha a preferência no grupo político. “Eu era um<br />
chegante, s<strong>em</strong> tradição de família política. Eu era uma s<strong>em</strong>ente que nascia. Ele<br />
110 Iris relatou na entrevista concedida <strong>em</strong> 2/12/2006 que Mauro Borges o chamou <strong>em</strong> sua casa, na Rua 7,<br />
Centro, logo depois de sua vitória para governa<strong>do</strong>r, para lhe convidá-lo a presidir a Caesgo. O pedi<strong>do</strong><br />
para levar Iris para o governo partiu de sua mãe, d. Gercina, que era grata pela ajuda de Iris na eleição <strong>do</strong><br />
filho. Iris recusou o convite e disse ao governa<strong>do</strong>r que não pretendia ir para o governo a fim de se dedicar<br />
à campanha a deputa<strong>do</strong> estadual. Uns cinco meses depois de sua posse, Mauro telefonou-lhe, num<br />
<strong>do</strong>mingo, dizen<strong>do</strong> que iria <strong>em</strong> sua casa para conversar<strong>em</strong>. Iris era solteiro e morava com os pais, <strong>em</strong><br />
Campinas. Ele recorda-se de que o governa<strong>do</strong>r chegou <strong>em</strong> um Landau preto e o convi<strong>do</strong>u para tomar<strong>em</strong><br />
um chope. Os <strong>do</strong>is foram até o Bar <strong>do</strong> Alceu e novamente Mauro convi<strong>do</strong>u-o para integrar seu governo.<br />
Disse que mandaria um projeto de lei à Ass<strong>em</strong>bléia Legislativa crian<strong>do</strong> a Secretaria <strong>do</strong> Trabalho e que<br />
pretendia indicá-lo, pois tinha preferência por um petebista na pasta. Novamente, Iris recusou o convite,<br />
pelo mesmo motivo. Mauro, então, fez-lhe um pedi<strong>do</strong>: “Você vai lá na minha mãe, amanhã, e fala pra ela<br />
que eu já chamei você pra duas posições importantes no meu governo e você não aceitou, porque ela não<br />
me dá descanso.” Iris conta que explicou sua decisão a Gercina Borges.<br />
111 Entrevista <strong>em</strong> 28/1/2008.<br />
112 Entrevista, ibid<strong>em</strong>.<br />
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