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CUNHA, Cileide Alves. Aval do passado - Pós-Graduação em ...

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139<br />

1945–1964: o nacional-estatismo <strong>do</strong>s trabalhistas, alia<strong>do</strong>s aos comunistas, e, <strong>em</strong> outro<br />

pólo, o projeto liberal-conserva<strong>do</strong>r, heg<strong>em</strong>oniza<strong>do</strong> pela UDN. 233<br />

Apesar de sua formação conserva<strong>do</strong>ra e anticomunista, Iris estava mais<br />

próximo <strong>do</strong>s trabalhistas <strong>do</strong> que <strong>do</strong> projeto liberal-conserva<strong>do</strong>r <strong>em</strong> função de sua<br />

liderança no movimento estudantil, sua primeira base política. Em 1954, ele apoiou a<br />

candidatura de Galeno Paranhos, pela coligação de oposição aos Lu<strong>do</strong>vico, mas essa<br />

opção deveu-se mais à relação de seu pai, Filostro, com Galeno, que antes de ser um<br />

dissidente <strong>do</strong> PSD foi deputa<strong>do</strong> pela região de Cristianópolis, <strong>do</strong> que por uma escolha<br />

consciente pelo udenismo e seu projeto político. O PTB ainda atendia a outra<br />

conveniência de Iris: o parti<strong>do</strong> estava rompi<strong>do</strong> com o PSD no momento de sua filiação,<br />

fato importante, pois os estudantes faziam oposição a Pedro Lu<strong>do</strong>vico. O PTB lhe foi<br />

útil na eleição de 1958, quan<strong>do</strong> ele se elegeu com uma votação recorde, conquistada não<br />

apenas entre os estudantes.<br />

Iris ampliou sua base eleitoral para Campinas, bairro onde morava há 9 anos,<br />

desde que se mu<strong>do</strong>u para Goiânia. Como presidente <strong>do</strong>s grêmios estudantis, ele<br />

dedicou-se mais a levar “benefícios” aos estudantes – caso da cooperativa que comprou<br />

livros e teci<strong>do</strong>s de uniforme para revender a preços mais acessíveis aos alunos <strong>do</strong><br />

Colégio Liceu – e menos aos debates político-ideológicos comuns ao movimento<br />

estudantil na época. A escolha dessa forma de atuação política (a idéia de que um<br />

político deve <strong>em</strong>penhar-se no atendimento de d<strong>em</strong>andas da população), Iris levou para<br />

sua campanha a verea<strong>do</strong>r. Ele detectou os reais probl<strong>em</strong>as de Campinas, e<br />

comprometeu-se com as suas soluções para ampliar sua base eleitoral com os votos <strong>do</strong>s<br />

mora<strong>do</strong>res <strong>do</strong> bairro, pois dificilmente receberia a votação recorde que almejava, e que<br />

conquistou, apenas com os votos <strong>do</strong>s estudantes.<br />

Ele estruturou sua campanha de candidato a verea<strong>do</strong>r prometen<strong>do</strong> atender às<br />

inúmeras d<strong>em</strong>andas <strong>do</strong>s mora<strong>do</strong>res de Campinas. O bairro estava carente de infraestrutura,<br />

segun<strong>do</strong> Iris, porque, desde que aceitou ser bairro de Goiânia, nada recebeu<br />

233 O nacional-estatismo, l<strong>em</strong>bra Ferreira, defendia a manutenção e a ampliação <strong>do</strong>s direitos sociais e<br />

políticos <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res, com reformas para mudar o perfil econômico e social <strong>do</strong> País, como a<br />

estrutura agrária, o nacionalismo e o fortalecimento das <strong>em</strong>presas estatais como contraponto aos grandes<br />

monopólios multinacionais e políticas públicas baseadas <strong>em</strong> uma forte solidariedade social. Já o projeto<br />

liberal-conserva<strong>do</strong>r era defensor da abertura <strong>do</strong> País ao capital estrangeiro, <strong>do</strong> livre merca<strong>do</strong> como<br />

regula<strong>do</strong>r das relações entre <strong>em</strong>presários e trabalha<strong>do</strong>res, <strong>do</strong> anticomunismo e <strong>do</strong> controle à atuação <strong>do</strong>s<br />

sindicatos (2005, p. 375–376).

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