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CUNHA, Cileide Alves. Aval do passado - Pós-Graduação em ...

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110<br />

<strong>do</strong>cumento: “Com eles e outros el<strong>em</strong>entos arrebanha<strong>do</strong>s <strong>em</strong> áreas contaminadas pela<br />

pregação subversiva, montou o esqu<strong>em</strong>a de sua campanha para governa<strong>do</strong>r, já <strong>em</strong><br />

desenvolvimento desde 1966.” Otávio afirma que a administração municipal está toda<br />

voltada para esse projeto. “Tu<strong>do</strong> converge, com exclusiva preocupação para as eleições<br />

estaduais de 1970. Nos círculos oposicionistas e anti-revolucionários, a candidatura <strong>do</strong><br />

senhor Iris Rezende Macha<strong>do</strong> é difundida com elevada carga de propósitos revanchistas<br />

e subversivos.” O governa<strong>do</strong>r reclama ainda que correligionários de Iris espalhavam<br />

pelo Esta<strong>do</strong> que a candidatura dele era estimulada “sorrateiramente por autoridades<br />

militares de escalões intermediários.”<br />

Otávio diz que poderia incluir na <strong>do</strong>cumentação que acompanha seu ofício<br />

muitos outros fatos “como corrupção <strong>em</strong> alta escala”, mas explica por que não o faz:<br />

“Entretanto, as naturais reservas de meu governo, por se tratar de adversário político, e<br />

as barreiras defensivas criadas pelos órgãos competentes da prefeitura, não nos<br />

permitiram penetrar nos meandros da administração <strong>do</strong> senhor Iris Rezende Macha<strong>do</strong><br />

para a coleta de provas.”<br />

Em entrevista ao Popular 30 anos depois de enviar esse ofício ao ministro da<br />

Justiça Luiz Gama, publicada pelo jornal junto à cópia <strong>do</strong> ofício, Otávio Lage reafirmou<br />

não ter pedi<strong>do</strong> a cassação <strong>do</strong>s direitos políticos de Iris. Declarou que a Comissão<br />

Especial de Investigação (CEI) recebia denúncias, até de populares, e que ele as<br />

encaminhava ao Ministério da Justiça. Segun<strong>do</strong> Otávio, na ficha de Iris só havia<br />

informações consideran<strong>do</strong>-o “d<strong>em</strong>agogo.” O prefeito, afirmou, não era considera<strong>do</strong><br />

subversivo, era amigo pessoal <strong>do</strong> comandante <strong>do</strong> 10º BC e não foi puni<strong>do</strong> por<br />

corrupção. Documentos que um ex-agente <strong>do</strong> CEI repassou ao Popular revelaram que,<br />

<strong>em</strong> dez<strong>em</strong>bro <strong>do</strong> ano anterior, Otávio havia encaminha<strong>do</strong> outro relatório com denúncias<br />

das atividades políticas e administrativas de seu adversário ao militares <strong>em</strong> Brasília.<br />

Cinco meses depois <strong>do</strong> ofício de Otávio ao ministro Gama Silva, <strong>em</strong> 17 de<br />

outubro de 1969, Iris foi cassa<strong>do</strong> mesmo não representan<strong>do</strong> os ideais “subversivos” e<br />

“anti-revolucionários”, o que reforça a hipótese de que a punição, <strong>em</strong> seu caso, foi<br />

política e ocorreu pelo t<strong>em</strong>or da Arena de crescimento de sua candidatura à sucessão <strong>do</strong><br />

governa<strong>do</strong>r. Foi um ato político-eleitoral.<br />

Iris garante que não guar<strong>do</strong>u mágoa de Otávio. Primeiro, porque diz que “não<br />

sabe odiar ninguém.” Segun<strong>do</strong>, porque entende tu<strong>do</strong> que ele fez como parte de uma luta<br />

política. Olhan<strong>do</strong> os fatos retrospectivamente, ele afirma que entendeu tu<strong>do</strong> aquilo

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