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CUNHA, Cileide Alves. Aval do passado - Pós-Graduação em ...

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discordan<strong>do</strong> de que o livro coloca a sociedade, no caso a francesa, <strong>em</strong> contato “vivo e<br />

direto” com o século XVIII (2006, p. 102).<br />

O que nos interessa neste momento <strong>em</strong> Halbwachs não é sua conceituação de<br />

história (a compilação de fatos que ocuparam maior lugar na m<strong>em</strong>ória <strong>do</strong>s homens),<br />

mas a m<strong>em</strong>ória histórica (“a seqüência de eventos cuja l<strong>em</strong>brança histórica conserva” e<br />

que por isso representa o essencial <strong>do</strong> que se chama m<strong>em</strong>ória coletiva). Segun<strong>do</strong> o<br />

autor, “exist<strong>em</strong> muitas m<strong>em</strong>órias coletivas”, e esta é a segunda característica que as<br />

diferenciam da história (2006, p. 105). Dito isso, o que importa no contexto desta<br />

pesquisa é a m<strong>em</strong>ória coletiva, ou m<strong>em</strong>órias coletivas, <strong>do</strong> grupo de Pedro Lu<strong>do</strong>vico<br />

Teixeira, que permaneceram após sua morte e a qu<strong>em</strong> caberia o papel de líder para dar<br />

continuidade a uma “seqüência de eventos” que manteria viva as m<strong>em</strong>órias desse grupo<br />

que ficara órfão na quinta-feira, 16 de agosto de 1979.<br />

A m<strong>em</strong>ória coletiva sustenta-se <strong>em</strong> um grupo limita<strong>do</strong> no t<strong>em</strong>po e no espaço e<br />

não pode reunir “<strong>em</strong> um único painel a totalidade <strong>do</strong>s eventos <strong>do</strong> passa<strong>do</strong>”. Mas é<br />

possível, se não revivê-los, ao menos “recolocá-los nos contextos <strong>em</strong> que a história<br />

dispõe os acontecimentos, contextos esses que permanec<strong>em</strong> exteriores ao grupo e<br />

defini-los cotejan<strong>do</strong> uns aos outros” (2006, p. 107).<br />

A história 217 construída por Pedro Lu<strong>do</strong>vico terminaria com a sua morte?<br />

Naquele momento começaria a transição da m<strong>em</strong>ória coletiva para a história já que “<strong>em</strong><br />

geral a história só começa no ponto <strong>em</strong> que termina a tradição, momento <strong>em</strong> que se<br />

apaga ou se decompõe a m<strong>em</strong>ória social” (2006, p. 100–101)? Ou o grupo político de<br />

Lu<strong>do</strong>vico pretendia apropriar-se da herança política <strong>do</strong> líder morto para dar<br />

continuidade à m<strong>em</strong>ória social e recolocá-la <strong>em</strong> outros contextos? Qual é a herança<br />

política que se pretendia apropriar?<br />

A presença de vários políticos lidera<strong>do</strong>s por Pedro Lu<strong>do</strong>vico nas cerimônias de<br />

despedidas e o conteú<strong>do</strong> de seus discursos não deixaram margens a dúvidas. Havia <strong>em</strong><br />

volta de seu túmulo alguns candidatos a herdeiro de sua liderança, pessoas que seguiram<br />

Pedro Lu<strong>do</strong>vico ao longo de sua trajetória política para dar continuidade à construção<br />

das “muitas m<strong>em</strong>órias coletivas” <strong>do</strong> grupo. O filho, Mauro Borges Teixeira, o sena<strong>do</strong>r<br />

217 História aqui entendida como a Halbwachs a conceituou, isto é, “[...] não uma sucessão cronológica de<br />

eventos e datas, mas tu<strong>do</strong> o que faz com que um perío<strong>do</strong> se distinga <strong>do</strong>s outros, <strong>do</strong> qual os livros e as<br />

narrativas <strong>em</strong> geral nos apresentam apenas um quadro muito esqu<strong>em</strong>ático e incompleto” (2006, p. 79).

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