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CUNHA, Cileide Alves. Aval do passado - Pós-Graduação em ...

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137<br />

incorpora<strong>do</strong>, que se tornou habitus”, 232 e refletiam o novo momento econômico e social<br />

vivi<strong>do</strong> por Goiás, a partir de sua urbanização e conseqüente formação de um merca<strong>do</strong><br />

interno para possibilitar a adesão <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> à expansão <strong>do</strong> capitalismo para o interior <strong>do</strong><br />

País.<br />

3.3 – A adesão a um grupo político<br />

A década de 50 ficou conhecida na história brasileira como a década <strong>do</strong><br />

desenvolvimentismo. A aura desenvolvimentista expunha com mais nitidez a<br />

precariedade <strong>do</strong>s probl<strong>em</strong>as nacionais e locais. Iris Rezende estreou na política pelas<br />

portas <strong>do</strong> movimento estudantil e, depois, na política partidária, filian<strong>do</strong>-se ao PTB,<br />

nessa década, entr<strong>em</strong>eada no perío<strong>do</strong> 1945–1964, <strong>em</strong> que “trabalha<strong>do</strong>res e populares<br />

participaram ativamente <strong>do</strong> processo político”, uma época <strong>em</strong> que “a política nacional<br />

era discutida nas ruas, nos sindicatos, na imprensa e nos quartéis” (Ferreira, 2005,<br />

p.375). Ele filiou-se <strong>em</strong> 1958, por enxergar no parti<strong>do</strong> uma alternativa às forças<br />

oligárquicas representadas pelo PSD e pela UDN.<br />

Quan<strong>do</strong> Iris iniciou sua militância na política estudantil, Pedro Lu<strong>do</strong>vico<br />

Teixeira acabara de se eleger governa<strong>do</strong>r (1951–1954). Os quatro anos <strong>do</strong> novo<br />

mandato foram marca<strong>do</strong>s pela violência política e pelo surgimento de movimentos<br />

sociais no campo. Esse novo quadro político, forma<strong>do</strong> pela situação camponesa e pelo<br />

quadro partidário <strong>do</strong> pós-1945, levou a um processo de renovação política <strong>em</strong> Goiás<br />

(Campos, 2004), com a formação de movimentos sociais, como o estudantil e o de<br />

camponeses, como de resto acontecia <strong>em</strong> to<strong>do</strong> o País, com a sociedade mobilizada <strong>em</strong><br />

defesa da d<strong>em</strong>ocracia e de reformas estruturais.<br />

Como to<strong>do</strong> jov<strong>em</strong> militante político da época (conforme ele próprio reconhece<br />

nos trechos da entrevista citadas no capítulo anterior), Iris fazia oposição a Pedro<br />

Lu<strong>do</strong>vico. O líder político era considera<strong>do</strong> retrógra<strong>do</strong>, representante de velhas práticas<br />

232 Bourdieu identifica <strong>do</strong>is esta<strong>do</strong>s da história (ou <strong>do</strong> social): “a história no seu esta<strong>do</strong> objectiva<strong>do</strong>, quer<br />

dizer a história que se acumulou ao longo <strong>do</strong> t<strong>em</strong>po nas coisas, máquinas, edifícios, monumentos, livros,<br />

teorias, costumes, direito, etc., e a história no seu esta<strong>do</strong> incorpora<strong>do</strong>, que se tornou habitus”. A pessoa<br />

que tira o chapéu para cumprimentar “reativa” um sinal convencional herda<strong>do</strong> da Idade Média. Segun<strong>do</strong><br />

Bourdieu, essa “atualização da história é conseqüência <strong>do</strong> habitus, produto de uma aquisição histórica que<br />

permite a apropriação <strong>do</strong> adquiri<strong>do</strong> histórico” (1989, p. 82–83).

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