CUNHA, Cileide Alves. Aval do passado - Pós-Graduação em ...
CUNHA, Cileide Alves. Aval do passado - Pós-Graduação em ...
CUNHA, Cileide Alves. Aval do passado - Pós-Graduação em ...
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
183<br />
controle sobre ele. Olhan<strong>do</strong> retrospectivamente para sua administração na prefeitura de<br />
Goiânia, Iris admite que se inspirou nas atitudes de três políticos: no “atrevimento<br />
político” de Juscelino Kubitschek; na “atitude de inovar e de mudar, de ter corag<strong>em</strong><br />
para tomar atitude”, de Mauro Borges, e na “lealdade às pessoas, aos amigos, ao parti<strong>do</strong><br />
e na honestidade” de Pedro Lu<strong>do</strong>vico. Com Lu<strong>do</strong>vico, ele diz que aprendeu a “respeitar<br />
e valorizar os líderes”.<br />
No ano <strong>em</strong> que Pedro Lu<strong>do</strong>vico Teixeira morreu, o MDB já se beneficiara <strong>do</strong><br />
“conteú<strong>do</strong> plebiscitário” (Borges, 2004) das eleições de 1974, 1976 e 1978, com a<br />
vitória surpreendente de seus candidatos nessas três eleições, <strong>em</strong> um evidente protesto<br />
contra os candidatos da Arena, o parti<strong>do</strong> de sustentação da ditadura militar. O MDB já<br />
conseguira “legitimar-se como escoa<strong>do</strong>uro da resistência antiditatorial” (2004, p. 132).<br />
Apesar disso, a estrutura partidária encontrava-se esfacelada no Esta<strong>do</strong> pela ação<br />
política <strong>do</strong> governo militar, por meio de decisões <strong>em</strong> vários atos institucionais que<br />
inibiram a atuação da oposição. Libera<strong>do</strong> pelo fim da cassação, Iris entra de cabeça na<br />
reestruturação partidária entre 1979 e 1982, ainda que nessa época a abertura política<br />
promovida pelo regime militar não tivesse estabeleci<strong>do</strong> o calendário eleitoral, definin<strong>do</strong><br />
a data da eleição para governa<strong>do</strong>r. Segun<strong>do</strong> relatou no capítulo anterior, “foram <strong>do</strong>is<br />
anos de intenso trabalho” para localizar potenciais lideranças nos municípios e<br />
reconstruir o parti<strong>do</strong>, fundamental <strong>em</strong> uma eleição majoritária.<br />
Com o aval de Lu<strong>do</strong>vico à imag<strong>em</strong> <strong>do</strong> “herói injustiça<strong>do</strong>”, que merecia voltar<br />
para a justiça ser reparada, e com o controle partidário, Iris venceu a disputa interna<br />
com Mauro Borges e Henrique Santillo. Nesse momento, não se tornou apenas o<br />
candidato <strong>do</strong> PMDB às eleições de 1982, mas dava o passo final para assumir o<br />
coman<strong>do</strong> <strong>do</strong> grupo que escolheu, 20 anos antes, para construir sua carreira política. Iris<br />
tomou a linha de frente <strong>do</strong> grupo antes abriga<strong>do</strong> sob o guarda-chuva <strong>do</strong> PSD depois da<br />
morte de Pedro Lu<strong>do</strong>vico, como de alguma forma este previra ao apoiar a candidatura<br />
de Iris a governa<strong>do</strong>r. Iris assumiu o bastão, repetin<strong>do</strong> práticas políticas e partidárias<br />
tradicionais – aos moldes <strong>do</strong> antecessor –, e a<strong>do</strong>tan<strong>do</strong> um discurso de reforma das<br />
estruturas <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> e de red<strong>em</strong>ocratização <strong>do</strong> País. Em 1962 quan<strong>do</strong> se filiou ao PSD,<br />
Iris apenas assumiu um lugar de agente político no grupo comanda<strong>do</strong> por Pedro.