CUNHA, Cileide Alves. Aval do passado - Pós-Graduação em ...
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2.5 – A adesão ao lu<strong>do</strong>viquismo<br />
Ainda exercen<strong>do</strong> o mandato de verea<strong>do</strong>r, o comprometimento de Iris Rezende<br />
com o PTB durou tanto quanto o afastamento deste <strong>do</strong> PSD. O PTB voltou a aliar-se ao<br />
lu<strong>do</strong>viquismo <strong>em</strong> 1960, na eleição de Mauro Borges a governa<strong>do</strong>r. O desinteresse de<br />
Iris Rezende pelo trabalhismo foi diretamente proporcional a sua aproximação com o<br />
PSD. Iris justifica esse afastamento, alegan<strong>do</strong> decepção com as nomeações pelo parti<strong>do</strong><br />
<strong>do</strong>s dirigentes para os institutos de previdência. Na época, o PTB getulista controlava os<br />
órgãos federais de assistência médica e de aposenta<strong>do</strong>ria <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res: os IAPC<br />
(<strong>do</strong>s comerciários), Iapetc (<strong>do</strong>s transporta<strong>do</strong>res) e Iapi (<strong>do</strong>s industriários).<br />
Iris rel<strong>em</strong>bra que foi convida<strong>do</strong> a participar de reunião com os principais<br />
líderes petebistas para discutir a indicação <strong>do</strong>s dirigentes desses institutos por ser<br />
presidente da Câmara de Goiânia:<br />
Eu saí de lá escandaliza<strong>do</strong>, escandaliza<strong>do</strong>. Falei pra eles, “eu me acostumei na política<br />
estudantil e vou lhes confessar: eu pensava que os políticos foss<strong>em</strong> diferentes, eu não volto<br />
mais <strong>em</strong> reunião <strong>do</strong> parti<strong>do</strong>.” [...] Foi tu<strong>do</strong> por causa de cargos; brigavam, quase iam aos<br />
tapas. Eu não vi ninguém ali defender: “nós t<strong>em</strong>os que lutar no governo federal, para isso para<br />
Goiás, para aquilo.” No fim a decepção, nunca mais voltei <strong>em</strong> reunião <strong>do</strong> PTB. 81<br />
Paralelamente, ele começava a se aproximar <strong>do</strong> PSD pelas mãos <strong>do</strong> prefeito<br />
Jaime Câmara. Como presidente <strong>do</strong> Legislativo, se relacionava mais estreitamente com<br />
o prefeito. Foi Jaime Câmara qu<strong>em</strong> apresentou Iris a Pedro Lu<strong>do</strong>vico, a qu<strong>em</strong> tanto<br />
criticara durante sua militância no movimento estudantil e no início de sua carreira na<br />
política.<br />
Um dia o Jaime disse: “Olha, eu queria levar você ao Pedro Lu<strong>do</strong>vico. Você precisa mudar<br />
sua concepção. O dr. Pedro não é isso que se fala.” E hoje eu penso que não era mesmo. Você<br />
vê como é que criam na cabeça de um estudante a idéia a respeito de uma pessoa. Eu fico<br />
pensan<strong>do</strong> como criaram idéia distorcida a meu respeito junto aos estudantes. 82<br />
Iris era um quadro político <strong>em</strong> formação e autônomo. Não se vinculara aos<br />
parti<strong>do</strong>s tradicionais, mas tinha ambições políticas. O PSD se recuperava da crise que o<br />
dividiu <strong>em</strong> 1957, quan<strong>do</strong> da tentativa de aprovação de projeto de lei que prorrogava o<br />
81 Entrevista, ibid<strong>em</strong>.<br />
82 Entrevista, ibid<strong>em</strong><br />
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