CUNHA, Cileide Alves. Aval do passado - Pós-Graduação em ...
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deputa<strong>do</strong>s que foi comunicá-lo sobre o acor<strong>do</strong> <strong>do</strong> PSD com o presidente Castello<br />
Branco para sua eleição indireta a governa<strong>do</strong>r. Iris rel<strong>em</strong>bra que, depois da posse de<br />
Ribas, e na condição de presidente da Ass<strong>em</strong>bléia, ia regularmente às solenidades no<br />
Palácio Esmeraldas.<br />
Em uma dessas visitas, ele diz que ouviu referências negativas de Ribas Júnior<br />
a Mauro Borges e conta que reagiu: “Mauro é uma figura política que precisava ser<br />
referência política nacional” 117 . Iris conta que, posteriormente, soube que Ribas Júnior<br />
relatou a um grupo de deputa<strong>do</strong>s da UDN que havia feito a mesma provocação a outros<br />
deputa<strong>do</strong>s <strong>do</strong> PSD e que ele teria si<strong>do</strong> o único a contestá-lo “com ve<strong>em</strong>ência e até com<br />
fúria.” Segun<strong>do</strong> esse relato reproduzi<strong>do</strong> por Iris, o marechal teria dito que, quan<strong>do</strong><br />
deixasse o governo esperava ser defendi<strong>do</strong> da mesma forma por um deputa<strong>do</strong>.<br />
Iris recorda-se das vezes <strong>em</strong> que foi ao Palácio das Esmeraldas para pedir o<br />
cumprimento da promessa de Castello Branco de que não haveria perseguição política<br />
no Esta<strong>do</strong>. Uma vez ele reclamou que a casa de Pedro Lu<strong>do</strong>vico estava sen<strong>do</strong> vigiada 24<br />
horas por dia e que a polícia anotava os nomes de seus visitantes. Segun<strong>do</strong> Iris, no dia<br />
seguinte à reclamação, a polícia retirou o cerco. Em outra ocasião, ele voltou ao Palácio<br />
<strong>em</strong> nome de uma comissão de 200 mulheres e mães de políticos investiga<strong>do</strong>s pelos<br />
inquéritos policiais militares (IPMs). Eles foram intima<strong>do</strong>s a depor <strong>em</strong> Juiz de Fora<br />
(MG), e as mulheres t<strong>em</strong>iam que não voltass<strong>em</strong>, já que na época as prisões<br />
assombravam os familiares de militantes políticos de oposição ao regime militar. Iris<br />
solicitou que os interrogatórios ocorress<strong>em</strong> <strong>em</strong> Goiânia e garante que foi novamente<br />
atendi<strong>do</strong>.<br />
Iris afirma que se tornou amigo de Ribas Júnior. “Ele perdeu o único filho <strong>em</strong><br />
alto-mar, quan<strong>do</strong> o navio desapareceu. Muitos diz<strong>em</strong> que o marechal viu na minha cara<br />
a cara de seu filho. Pois é, ele se tornou meu amigo.” 118 O relacionamento respeitoso<br />
entre Iris e Ribas Júnior não foi uma exceção <strong>em</strong> sua convivência com integrantes <strong>do</strong><br />
regime militar. Ele cultivou um relacionamento amigável com os militares até mesmo<br />
depois de sua cassação, <strong>em</strong> 1969. “Era um relacionamento institucional. Em nenhum<br />
momento eu compactuei com eles.” 119<br />
117<br />
Entrevista, ibid<strong>em</strong>.<br />
118<br />
Entrevista, ibid<strong>em</strong>.<br />
119<br />
Entrevista, ibid<strong>em</strong>.<br />
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