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CUNHA, Cileide Alves. Aval do passado - Pós-Graduação em ...

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presidente da Ass<strong>em</strong>bléia Legislativa e que ele comprometeu-se a localizar Iris,<br />

alegan<strong>do</strong> que ele morava longe, e pedir-lhe que o procurasse no hotel onde se<br />

hospedara.<br />

Iris l<strong>em</strong>bra-se das instruções que recebeu de Mauro. Este lhe pediu para<br />

descobrir qual a missão <strong>do</strong> general <strong>em</strong> Goiânia – o governa<strong>do</strong>r disse que já havia liga<strong>do</strong><br />

para São Paulo e Brasília, mas não conseguira descobrir nada – e que depois voltasse<br />

para lhe narrar o encontro. Iris foi a pé <strong>do</strong> Palácio das Esmeraldas até o Hotel<br />

Bandeirantes, na Rua 3, Centro, onde o general estava hospeda<strong>do</strong>. Encontrou um<br />

procura<strong>do</strong>r da República na recepção <strong>do</strong> hotel, que o acompanhou ao encontro <strong>do</strong><br />

general. Castro e Silva foi direto ao assunto. Disse a Iris que estava <strong>em</strong> Goiás para fazer<br />

um trabalho de interesse da República. Segun<strong>do</strong> esse relato, o general afirmou que a<br />

“revolução” não aceitava comunista no governo e que o governa<strong>do</strong>r de Goiás estava<br />

volta<strong>do</strong> para “esse la<strong>do</strong> comunista e subversivo.” Pediu o apoio de Iris, como presidente<br />

da Ass<strong>em</strong>bléia: “Ele queria a minha colaboração para promover o impedimento <strong>do</strong><br />

Mauro.” 103 Iris conta que decidiu argumentar com o general, apontan<strong>do</strong> as qualidades<br />

<strong>do</strong> governa<strong>do</strong>r.<br />

General, eu não era político liga<strong>do</strong> à família <strong>do</strong> dr. Pedro. Eu entendia que era um sist<strong>em</strong>a já<br />

ultrapassa<strong>do</strong> de política e que as pessoas ligadas ao governo não eram fiscalizadas pelo Fisco,<br />

que as pessoas que cometiam delitos, condenadas, s<strong>em</strong>pre tinham oportunidade de não ir às<br />

prisões. Eu era um líder estudantil revolta<strong>do</strong> com isso. O Mauro assumiu o governo e mu<strong>do</strong>u<br />

tu<strong>do</strong>. Por esse motivo eu entrei no PSD, pela atuação <strong>do</strong> Mauro. E não t<strong>em</strong> nada de<br />

subversivo, de comunista. Seu apoio a Brizola foi pela legalidade, pois político t<strong>em</strong> de<br />

defender a lei. [...] O senhor nunca vai encontrar <strong>em</strong> mim uma mentira. Eu falo o que tenho<br />

segurança de estar falan<strong>do</strong>. 104<br />

Iris conta que o general reclamou por ele não querer colaborar e ainda lhe<br />

pediu para convocar pessoalmente os deputa<strong>do</strong>s para um encontro reserva<strong>do</strong> com ele<br />

para que conversasse com to<strong>do</strong>s. “Eu falei: ‘general agora já sei das suas pretensões, e<br />

já disse que não vou colaborar, não vou convocar a reunião. Se o senhor quiser,<br />

convoque cada um, mas sob a minha coordenação eu não vou colaborar.’” 105 Segun<strong>do</strong><br />

Iris, naquela mesma noite o general Castro e Silva reuniu-se com lideranças expressivas<br />

da UDN e <strong>do</strong> PSP para procurar outra alternativa à deposição de Mauro, um processo<br />

que só se encerraria com a intervenção federal cinco meses depois.<br />

103<br />

Entrevista <strong>em</strong> 28/1/2008.<br />

104<br />

Entrevista <strong>em</strong> 28/1/2008. Mas Iris também narrou esse encontro na entrevista de 17/4/2007.<br />

105 Entrevista <strong>em</strong> 28/1/2008.<br />

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