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CUNHA, Cileide Alves. Aval do passado - Pós-Graduação em ...

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132<br />

“Goiânia se transformou no símbolo <strong>do</strong> progresso que o Esta<strong>do</strong> passa a<br />

vivenciar neste momento. Além de representar uma nova mentalidade administrativa<br />

que racionalizava a ação <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> tornou-se o pólo irradia<strong>do</strong>r da mentalidade<br />

progressista/moderniza<strong>do</strong>ra que se instalara. A Goiás, símbolo <strong>do</strong> atraso, se contrapõe<br />

Goiânia, símbolo <strong>do</strong> progresso. Mudam-se valores, hábitos, idéias e Goiás avança, se<br />

moderniza.” (1990, p. 152-3, grifo da autora).<br />

A construção de Goiânia, diferent<strong>em</strong>ente <strong>do</strong> que acreditava seu funda<strong>do</strong>r, pode<br />

não ter si<strong>do</strong> a principal “alavanca” a promover a “escalada” econômica <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>. A<br />

nova capital pode ter significa<strong>do</strong> a “nova mentalidade” que contribui para esse processo,<br />

que, entretanto, só ocorreu após o fenômeno <strong>do</strong> êxo<strong>do</strong> rural. A população <strong>do</strong> campo foi<br />

majoritária <strong>em</strong> Goiás até 1970, mas a movimentação <strong>em</strong> direção às cidades começou<br />

antes disso. Milhares de famílias percorreram, a partir <strong>do</strong>s anos 60, o mesmo caminho<br />

da família de Iris Rezende, <strong>em</strong> 1949. De acor<strong>do</strong> com o censo d<strong>em</strong>ográfico <strong>do</strong> IBGE,<br />

69,2% <strong>do</strong>s goianos (de um total de 1.917.460) viviam na zona rural <strong>em</strong> 1960, restan<strong>do</strong><br />

pouco mais de 30% nas cidades. Dez anos depois, o IBGE detectou a mudança: a<br />

migração elevou a população da zona urbana para 42,5% (de um total de 2.899.266<br />

goianos). O restante (57,5%) ainda continuava no campo, mas não por muito t<strong>em</strong>po. 225<br />

A virada ocorreu <strong>em</strong> mea<strong>do</strong>s da década de 70. Estevam (2004) revela que os programas<br />

governamentais para a modernização agrícola de Goiás tiveram caráter excludente e<br />

seletivo. A valorização das terras e o Estatuto <strong>do</strong> Trabalha<strong>do</strong>r Rural promoveram o<br />

esvaziamento <strong>do</strong> campo.<br />

O êxo<strong>do</strong> rural foi notável e, <strong>em</strong> decorrência, houve um incr<strong>em</strong>ento populacional s<strong>em</strong><br />

precedentes nas áreas urbanas; o “esvaziamento” <strong>do</strong> campo, a dissolução da fazenda<br />

tradicional e a especulação de terras provocaram o “fechamento” horizontal da fronteira<br />

agrícola. Ou seja, não existe mais espaço disponível para acomodação de novos pequenos<br />

produtores <strong>em</strong> Goiás. Os pequenos e médios fazendeiros r<strong>em</strong>anescentes, não cont<strong>em</strong>pla<strong>do</strong>s<br />

como crédito [rural], enfrentam enormes dificuldades para sustentar suas atividades. [...] O<br />

Esta<strong>do</strong> especializou-se na transformação agroindustrial de alimentos e tornou-se palco de<br />

acelerada urbanização.” (2004, p. 221)<br />

Francisco Rabelo acredita que, <strong>em</strong> termos de desenvolvimento econômico, a<br />

modificação na relação de Goiás com as d<strong>em</strong>ais regiões <strong>do</strong> País (a relação centro–<br />

periferia) vinha ocorren<strong>do</strong> historicamente “ora de maneira lenta, determinada pelo<br />

próprio desenvolvimento <strong>do</strong> capitalismo no Brasil, ora de maneira dinâmica, quan<strong>do</strong> um<br />

225 Informação disponível na biblioteca digital <strong>do</strong> site www.ibge.gov.br. Pesquisa realizada <strong>em</strong> 15/1/2008.

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