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CUNHA, Cileide Alves. Aval do passado - Pós-Graduação em ...

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As relações com outras pessoas, o padrão de vida cotidiana, a relação com o<br />

mun<strong>do</strong> <strong>em</strong> que vive; o exercício profissional e a relação que ele estabelece no mun<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />

trabalho; a natureza <strong>do</strong> desenvolvimento e a estrutura da personalidade durante a<br />

infância, tanto pela educação formal quanto pela informal transmitida nas relações<br />

familiares; o encontro com o mun<strong>do</strong>, compreendi<strong>do</strong> ou incompreendi<strong>do</strong>, formam um<br />

sujeito multifaceta<strong>do</strong>. O sujeito da pós-modernidade é fragmenta<strong>do</strong>, com identidade <strong>em</strong><br />

mutação (Hall, 2006). 8 Este assume fragmentos de identidade <strong>em</strong> locais diferentes que<br />

não se unificam <strong>em</strong> um “eu” coerente.<br />

Entre os fragmentos que compõ<strong>em</strong> a identidade de Iris Rezende, um é<br />

preponderante, o Iris político. Nesse aspecto, ele l<strong>em</strong>bra mais o “sujeito sociológico” de<br />

Hall, que interage com a sociedade, mas que mantém um núcleo, uma essência <strong>em</strong> sua<br />

identidade, <strong>em</strong> função de sua opção pela política. Em sua longa narrativa, vale repetir,<br />

fundamental para as análises deste trabalho, ele deixa muito claro que a política é a sua<br />

vida, que esta s<strong>em</strong>pre esteve <strong>em</strong> primeiro lugar, até mesmo <strong>em</strong> relação à família: “Não<br />

fui um bom mari<strong>do</strong> e um bom pai”. Iris não se casou jov<strong>em</strong>, mas aos 32 anos. Foi a<br />

política que colocou Iris Araújo, a mulher com que se casaria, no meio de seu caminho.<br />

Ele a conheceu <strong>em</strong> um evento social <strong>do</strong> qual participou por ser verea<strong>do</strong>r. Mesmo casa<strong>do</strong><br />

e pai de três filhos, ele se dedicou muito mais integralmente à política <strong>do</strong> que à família.<br />

Por isso, para chegar mais perto <strong>do</strong> perfil biográfico de Iris Rezende, não será<br />

equívoco percorrê-lo por seu traço principal, a carreira política. É o que esta pesquisa se<br />

propõe a fazer, atenta aos riscos de uma investigação baseada <strong>em</strong> um relato de vida, que<br />

é o de apresentar esse relato como uma sucessão de acontecimentos históricos<br />

(Bourdieu, 2006), que considera uma vida como um to<strong>do</strong>, como um conjunto coerente e<br />

ordena<strong>do</strong>, orienta<strong>do</strong>, que pode ser entendi<strong>do</strong> como “uma expressão unitária de uma<br />

‘intenção’ subjetiva e objetiva de um projeto”; que relata os acontecimentos de uma<br />

vida como se desenrolass<strong>em</strong> <strong>em</strong> sucessão cronológica; <strong>em</strong> que sujeito (investiga<strong>do</strong>r) e<br />

objeto da biografia (investiga<strong>do</strong>) têm o mesmo interesse <strong>em</strong> aceitar o “postula<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />

senti<strong>do</strong> da existência narrada” (grifo <strong>do</strong> autor), objetivan<strong>do</strong> dar “um senti<strong>do</strong>”, “extrair<br />

uma lógica”, estabelecer uma “consistência e constância” a uma vida.<br />

8 Hall apresenta três concepções de identidade: “o sujeito <strong>do</strong> iluminismo” baseava-se <strong>em</strong> uma concepção<br />

de ser humano centra<strong>do</strong>, unifica<strong>do</strong> e <strong>do</strong>ta<strong>do</strong> de razão e de consciência. “O sujeito sociológico” mantém<br />

um núcleo ou essência, mas já t<strong>em</strong> sua identidade formada pela interação entre o “eu” e a sociedade. O<br />

“sujeito pós-moderno” fragmentou suas identidades (2006, p. 10–18).<br />

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