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CUNHA, Cileide Alves. Aval do passado - Pós-Graduação em ...

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habilidades de líder carismático para manipular as massas, com a satisfação de suas<br />

necessidades imediatas, sua carreira teria toma<strong>do</strong> outro rumo.<br />

3.7 – A prova de fogo: a cassação, a espera e a consolidação de uma<br />

herança política<br />

Iris Rezende foi cassa<strong>do</strong> no auge de sua popularidade, quan<strong>do</strong> era visto como<br />

o administra<strong>do</strong>r que mudava a feição da cidade. O Parque Mutirama tornou-se um<br />

símbolo da “injustiça” <strong>do</strong>s militares contra ele, injustiça porque Iris não foi acusa<strong>do</strong> de<br />

corrupção n<strong>em</strong> de ser subversivo, razões mais comuns usadas pelos militares para<br />

justificar uma cassação. O parque seria inaugura<strong>do</strong> no dia <strong>do</strong> aniversário de Goiânia, <strong>em</strong><br />

24 de outubro de 1969, uma s<strong>em</strong>ana depois de sua cassação. A inauguração, discreta,<br />

coube ao interventor, Leonino Caia<strong>do</strong>. Iris conta que foi convida<strong>do</strong> por Leonino (“que<br />

era meu amigo”) para participar da inauguração, mas recusou o convite, porque não<br />

havia clima político para sua participação no evento. Esse episódio ficou no imaginário<br />

popular e s<strong>em</strong>pre era evoca<strong>do</strong> da m<strong>em</strong>ória quan<strong>do</strong> uma pessoa que acompanhou os fatos<br />

na época se referia à cassação <strong>do</strong> prefeito Iris Rezende.<br />

Iris alimentou esse sentimento de “herói injustiça<strong>do</strong>” durante os dez anos <strong>em</strong><br />

que ficou cassa<strong>do</strong>. Escolheu a advocacia criminal propositalmente, conforme admitiu no<br />

capítulo anterior, para continuar a falar ao povo por meio <strong>do</strong>s júris. Ele passou esses dez<br />

anos lutan<strong>do</strong> para que essa “injustiça” não caísse no esquecimento. Assim, criou um<br />

ambiente político favorável a seu retorno e à retomada de sua carreira no ponto <strong>em</strong> que<br />

ela foi interrompida, diferent<strong>em</strong>ente <strong>do</strong> rumo que Mauro Borges deu a sua carreira.<br />

A violência militar contra Mauro foi muito superior à sofrida por Iris, foi uma<br />

verdadeira “guerra suja”. O filho de Pedro Lu<strong>do</strong>vico sofreu um processo de perseguição<br />

política que incluiu a instauração de um Inquérito Policial Militar (IPM), um terrível<br />

instrumento de intimidação política, lutou na Justiça e conseguiu no Supr<strong>em</strong>o Tribunal<br />

Federal (STF) o primeiro habeas corpus preventivo <strong>do</strong> País até tombar com a<br />

deposição, <strong>em</strong> nov<strong>em</strong>bro de 1964, <strong>em</strong> um clima tenso de combate, incluin<strong>do</strong> sobrevôos<br />

rasantes de aviões da Aeronáutica sobre o Palácio das Esmeraldas, cerca<strong>do</strong> por<br />

populares <strong>em</strong> apoio ao governa<strong>do</strong>r.<br />

Mauro perdeu a luta contra a campanha difamatória comandada pela linha<br />

dura <strong>do</strong> regime militar, liderada pelo ministro da Guerra, o general Costa e Silva, que

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