CUNHA, Cileide Alves. Aval do passado - Pós-Graduação em ...
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128<br />
políticos derrota<strong>do</strong>s pelos revolucionários 219 foram acusa<strong>do</strong>s de impedir o<br />
desenvolvimento econômico e cultural <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> (2003, p. 76).<br />
“Atribuir ao caiadismo [...] a responsabilidade <strong>do</strong> marasmo administrativo por<br />
que passou Goiás nos 20 anos de sua vivência não será cometer injustiça, descontadas<br />
as dificuldades oriundas de fatores outros impeditivos ao desenvolvimento <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>”,<br />
diz Rosa (1974, p. 65). Campos também faz essa ressalva ao questionar “que<br />
alternativas eram passíveis de ser utilizadas e que condições teriam esses líderes de<br />
implantá-las” (2003, p. 75). Apesar disso, Rosa, assim como Campos, acha que os<br />
chefes políticos locais se utilizavam <strong>do</strong> subdesenvolvimento e <strong>do</strong> atraso para não perder<br />
o <strong>do</strong>mínio político de Goiás. A família Caia<strong>do</strong> nunca aceitou essa responsabilidade que<br />
lhe foi imputada pela oposição. 220<br />
Macha<strong>do</strong> considera que, quan<strong>do</strong> se fala <strong>em</strong> atraso, leva-se <strong>em</strong> conta paralelos<br />
com outras regiões <strong>do</strong> País e que esse atraso se manifestou “concretamente na<br />
configuração econômica, social, política e cultural <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> frente à sociedade<br />
capitalista nacional” (1990, p. 36). A estrada de ferro no sul <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> e a abertura de<br />
estradas de rodag<strong>em</strong> permitiram a circulação de merca<strong>do</strong>rias, incorporan<strong>do</strong> Goiás à<br />
economia de merca<strong>do</strong>.<br />
A autora ressalta que mesmo essa incorporação não eliminou a condição de<br />
periferia de Goiás. “A modernização <strong>do</strong> País não superou o atraso de Goiás” (1990, p.<br />
42). As necessidades expansionistas <strong>do</strong> capitalismo nacional chocavam-se com a ação<br />
da oligarquia local de manutenção <strong>do</strong> atraso como forma de manter a <strong>do</strong>minação. Nas<br />
vésperas de 1930, Goiás também experimentava, <strong>em</strong> especial nas regiões sul e su<strong>do</strong>este,<br />
um avanço das forças produtivas, que dependiam da dinamização da economia (op. cit.,<br />
219 Leopol<strong>do</strong> de Bulhões, de reconheci<strong>do</strong> prestígio no âmbito federal, ministro da Fazenda por duas vezes e sena<strong>do</strong>r da República até 1918, e Antônio de Ramos<br />
Caia<strong>do</strong>, conheci<strong>do</strong> como Totó Caia<strong>do</strong>, outro político de prestígio federal , foram os principais alvos das cr íticas d os revolucionários .<br />
220 Os Caia<strong>do</strong> reclamam <strong>em</strong> M<strong>em</strong>ória, família e poder. História de uma permanência política – Os Caia<strong>do</strong> <strong>em</strong> Goiás, obra de Miriam Bianca Amaral<br />
Ribeiro , que foram excluí<strong>do</strong>s da pesquisa históri c a e também da falta de estu<strong>do</strong>s <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> que vai de 1909 a 1930, quan<strong>do</strong> a família deteve a heg<strong>em</strong>onia<br />
política. O que existe sobre o perío<strong>do</strong> seria a versão unilateral construída pelos vence<strong>do</strong>res da Revolução de 30. Além de reclamar d a exclusão, eles<br />
ess<br />
reivindicam uma revisão historiográfica. “Se você for ver a literatura, a geografia, e a história de Goiás, você vai ver que tu<strong>do</strong> aconteceu depois de 30 pra cá. O<br />
Esta<strong>do</strong> de Goiás não existia antes de 1930. Nós v<strong>em</strong>os hoje que tu<strong>do</strong> isso é um ato proposital. Queriam por tu<strong>do</strong> que nosso nome desaparecesse, que ficáss<strong>em</strong>os<br />
pobres, queriam por to<strong>do</strong>s os esforços que ficáss<strong>em</strong>os no ostracismo, que ficáss<strong>em</strong>os com nome marca<strong>do</strong> de bandi<strong>do</strong>s. Não conseguiram provar nada [...]. Isso é<br />
um galardão da família.”, dis e Leão Caia<strong>do</strong> Filho (1998., p. 263).<br />
s