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CUNHA, Cileide Alves. Aval do passado - Pós-Graduação em ...

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parti<strong>do</strong> político” e o <strong>do</strong>mínio da legalidade (o burocrático), que existe <strong>em</strong> função da fé<br />

no estatuto legal. “Compreende-se que, na realidade, a obediência é determinada pelos<br />

motivos bastante fortes <strong>do</strong> me<strong>do</strong> e da esperança” (1982, p. 99).<br />

A liderança carismática, segun<strong>do</strong> Weber, é a raiz de uma vocação política “<strong>em</strong><br />

sua expressão mais elevada”. Os homens obedec<strong>em</strong> a esses líderes não por tradição ou<br />

lei, mas porque acreditam neles. O <strong>do</strong>mínio carismático contrasta com qualquer tipo de<br />

<strong>do</strong>minação burocrática. “O carisma [que Bourdieu denomina de capital pessoal] só<br />

conhece a determinação interna e a contenção interna. O seu porta<strong>do</strong>r toma a tarefa que<br />

lhe é adequada e exige obediência e um séquito <strong>em</strong> virtude de sua missão. Seu êxito é<br />

determina<strong>do</strong> pela capacidade de consegui-los” (1982. p. 285). 241<br />

Macha<strong>do</strong> identifica qualidades carismáticas <strong>em</strong> Pedro Lu<strong>do</strong>vico Teixeira. Ela<br />

fundamenta sua defesa <strong>em</strong> sua personalidade carismática – “um hom<strong>em</strong> com capacidade<br />

de polarizar, de liderar, imprimin<strong>do</strong> sua marca, sua cor ao processo histórico” (grifo da<br />

autora) – com base no conceito de Pedro junto a seus cont<strong>em</strong>porâneos e também <strong>em</strong> sua<br />

própria ação na história. “A ação <strong>do</strong> líder e sua avaliação constro<strong>em</strong> o carisma e,<br />

posteriormente, o mito” (1990 p. 99).<br />

A autora elenca os seguintes el<strong>em</strong>entos que comporiam a configuração <strong>do</strong><br />

carisma e <strong>do</strong> mito: <strong>em</strong> primeiro lugar o prestígio que ele gozava <strong>em</strong> uma sociedade<br />

pobre e carente <strong>em</strong> função <strong>do</strong> exercício da medicina, acompanha<strong>do</strong> de sua formação<br />

humanística. Em segun<strong>do</strong>, por suas qualidades “reais ou atribuídas” de hom<strong>em</strong> “íntegro<br />

e capaz”; de “redentor <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>”, <strong>em</strong> um primeiro momento, depois de “construtor de<br />

Goiânia” e, no final, de “chefe e o hom<strong>em</strong> que construiu Goiás”. Uma imag<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre<br />

positiva que culminou com a “<strong>do</strong> grande estadista” (op. cit. p. 99).<br />

Em terceiro lugar, uma qualidade que ela considera muito importante na<br />

configuração <strong>do</strong> carisma: “a relação paternalista estabelecida entre o líder e o séquito,<br />

usan<strong>do</strong> uma expressão weberiana”. Essa relação acontecia nos pedi<strong>do</strong>s de toda natureza<br />

que recebia das mais diferentes pessoas, “como se ele tivesse condições de resolver<br />

241 Segun<strong>do</strong> Weber, a <strong>do</strong>minação carismática opõe-se tanto à <strong>do</strong>minação racional (burocrática) quanto à<br />

tradicional (patriarcal e patrimonial). A <strong>do</strong>minação carismática é irracional “no senti<strong>do</strong> de não conhecer<br />

regras” (Weber, 1994, p. 160). Ela é “revolucionária” e inova<strong>do</strong>ra. Nas épocas com forte vinculação à<br />

tradição, o carisma é “uma grande força revolucionária”. “O carisma pode ser uma transformação com<br />

ponto de partida íntimo, a qual nascida de miséria ou entusiasmo, significa uma modificação na direção<br />

da consciência e das ações com orientação totalmente nova de todas as atitudes diante de todas as formas<br />

de vida e diante <strong>do</strong> ‘mun<strong>do</strong>’ <strong>em</strong> geral” (1994, p. 161).

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