CUNHA, Cileide Alves. Aval do passado - Pós-Graduação em ...
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livr<strong>em</strong>ente, são os el<strong>em</strong>entos necessários à vida de qualquer parti<strong>do</strong>. O séquito, e através<br />
dele, o eleitora<strong>do</strong>, passivo, são necessários à vida <strong>do</strong> líder” (1982, p. 121). Os<br />
segui<strong>do</strong>res <strong>do</strong>s parti<strong>do</strong>s, seus funcionários e <strong>em</strong>presários esperam uma compensação<br />
com a vitória <strong>do</strong> chefe: cargo e outras vantagens. Depend<strong>em</strong> de uma espécie de circulo<br />
virtuoso: o parti<strong>do</strong> aumenta seus votos, conquista mais mandatos <strong>em</strong> conseqüência da<br />
“luta d<strong>em</strong>agógica da personalidade <strong>do</strong> chefe” e isso amplia as oportunidades de<br />
compensações para os seus segui<strong>do</strong>res.<br />
Ao adquirir seu “corpus de saberes”, lapidan<strong>do</strong> sua vocação para a política e<br />
reforçan<strong>do</strong> sua liderança carismática, Iris destacou-se no campo político e, então,<br />
conseguiu reunir as condições políticas para aquele passo que tanto desejava, conquistar<br />
a confiança da família Lu<strong>do</strong>vico. Logo após Iris ter se recusa<strong>do</strong> a ajudar o general<br />
Castro Silva no processo de impeachment, Iris obteve de Mauro o apoio à sua<br />
candidatura a prefeito de Goiânia. Nesse dia, quan<strong>do</strong> o governa<strong>do</strong>r lhe informou que<br />
falaria com seu pai sobre sua candidatura, ele sentiu que de fato integraria o fecha<strong>do</strong><br />
grupo da família Lu<strong>do</strong>vico: “Quer dizer que eu não era candidato de nenhum deles, né?”<br />
O capital político de Iris valorizou-se com suas ações políticas, acumulan<strong>do</strong><br />
crédito que lhe garantiu o apoio da família Lu<strong>do</strong>vico, apoio este que retroalimentou seu<br />
capital político, <strong>em</strong> um processo ininterrupto. Ele já era conheci<strong>do</strong> <strong>do</strong> eleitora<strong>do</strong>,<br />
destacou-se entre seus pares na Ass<strong>em</strong>bléia – se elegeu líder partidário e <strong>do</strong> governo e<br />
presidente da Casa – e foi um <strong>do</strong>s atores na luta política radicalizada entre UDN e PSD,<br />
que se iniciou <strong>em</strong> 1962 <strong>em</strong> Goiás e se encerrou com a deposição de Mauro e a vitória da<br />
UDN <strong>em</strong> aliança com a linha dura <strong>do</strong> Exército (Souza, 2004, p. 99).<br />
Foi um duro golpe sobre o PSD. Um grupo leva<strong>do</strong> à força para a oposição<br />
depois de ter se acostuma<strong>do</strong> durante tantos anos a ser governo, a repressão política que<br />
desestimulava os pessedistas a lutar na trincheira da oposição e o pesa<strong>do</strong> jogo político<br />
da UDN e <strong>do</strong>s militares para recuperar espaço político <strong>em</strong> Goiás criaram condições<br />
desfavoráveis ao PSD. Iris realizou o desejo de ter apoio <strong>do</strong>s Lu<strong>do</strong>vico, mas ele não<br />
teria a seu favor a força <strong>do</strong> PSD; ao contrário, o parti<strong>do</strong> estava esvazia<strong>do</strong> e ainda<br />
tentan<strong>do</strong> se readaptar à nova realidade de fazer política fora <strong>do</strong> poder contra um<br />
adversário autoritário e violento.<br />
O próprio Iris admitiu, <strong>em</strong> entrevista a esta pesquis<strong>do</strong>ra, que o PSD estava tão<br />
desarticula<strong>do</strong> que ninguém queria ser candidato a prefeito de Goiânia. Nesse momento,<br />
ele também contou com a sorte: era o candidato certo na hora certa, isto é, tinha o apoio