CUNHA, Cileide Alves. Aval do passado - Pós-Graduação em ...
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142<br />
passa<strong>do</strong> frente às entidades estudantis que dirigi; pelo anseio <strong>do</strong> povo pela renovação<br />
<strong>do</strong>s homens públicos e pela minha dedicação aos desprotegi<strong>do</strong>s da sorte.” Em 1962,<br />
apesar de já estar <strong>do</strong> outro la<strong>do</strong>, junto aos governistas, sustentava o mesmo discurso de<br />
“renovação política”, apegan<strong>do</strong>-se ao governo de Mauro Borges: “Eu fui para o PSD <strong>em</strong><br />
função <strong>do</strong> governo de Mauro, porque ele corrigiu tu<strong>do</strong> aquilo que nós como líderes<br />
estudantis repudiávamos” 234 . Quatro anos depois, Iris renovou, <strong>em</strong> entrevista após sua<br />
eleição para deputa<strong>do</strong> (O Popular, 18/11/62, p. 3), seu apoio ao governo de Mauro<br />
Borges: “Sou um entusiasta <strong>do</strong> chama<strong>do</strong> Plano MB. Ele trará grande progresso ao nosso<br />
Esta<strong>do</strong>.” Sobre Pedro Lu<strong>do</strong>vico, declarou: “Admiro-o como administra<strong>do</strong>r e como<br />
político. Ele, aliás, s<strong>em</strong>pre t<strong>em</strong> olha<strong>do</strong> minha carreira política com carinho.”<br />
Na entrevista que concedera <strong>em</strong> 1958, Iris havia destaca<strong>do</strong> sua ligação com o<br />
trabalho na zona rural: “Meus de<strong>do</strong>s cresceram no cabo da enxada.” Na entrevista de 62,<br />
ele novamente voltou ao t<strong>em</strong>a: “Fui cria<strong>do</strong> no cabo da enxada e conheço as agruras <strong>do</strong><br />
hom<strong>em</strong> <strong>do</strong> campo.” Naquela época, a grande maioria da população goiana (69,7%)<br />
ainda vivia na zona rural, 235 o que explica sua estratégia de ressaltar suas origens rurais,<br />
pois sabia que era um passo para a identificação <strong>do</strong> eleitora<strong>do</strong> com ele. Iris queria se<br />
apresentar como um goiano médio, cria<strong>do</strong> na zona rural, que enfrentara a dura lida <strong>do</strong><br />
campo, que aprendeu a trabalhar e que foi para a cidade grande estudar <strong>em</strong> busca de<br />
crescimento pessoal e econômico, como fazia boa parte <strong>do</strong>s goianos naquela época, pois<br />
a migração <strong>do</strong> campo para a cidade já havia começa<strong>do</strong>, provocada pelo início da<br />
expansão das fronteiras agrícolas <strong>em</strong> Goiás. 236<br />
Depois de aderir ao grupo de Pedro Lu<strong>do</strong>vico, Iris abriu duas frentes para<br />
aumentar seu capital político: investiu <strong>em</strong> sua popularidade e na conquista da confiança<br />
da família Lu<strong>do</strong>vico. Ele buscava legitimidade para agir na política, junto ao eleitora<strong>do</strong><br />
e, internamente, no parti<strong>do</strong>. O apoio popular lhe daria boas votações e estas, prestígio<br />
234<br />
Entrevista de 4/7/2007.<br />
235<br />
De acor<strong>do</strong> com o censo d<strong>em</strong>ográfico de Goiás de 1960 <strong>do</strong> IBGE, o Esta<strong>do</strong> tinha 1.917.460 habitantes,<br />
580.518 na zona urbana e 1.336.942 no campo. Informações disponíveis na biblioteca digital no site<br />
www.ibge.gov.br. Pesquisa realizada <strong>em</strong> 15/1/2008.<br />
236 Segun<strong>do</strong> Estevam, Goiás constituía, no início <strong>do</strong>s anos 1960, uma região de “fronteira”, <strong>em</strong> função de<br />
sua reduzida densidade d<strong>em</strong>ográfica e da exploração incipiente de suas potencialidades. Estimativas <strong>do</strong><br />
IBGE indicavam exploração de apenas 44% de sua área pela agropecuária, ainda assim de forma<br />
extensiva, valen<strong>do</strong>-se <strong>do</strong>s fatores da terra e <strong>do</strong> trabalho com reduzida utilização de capital. Por essa<br />
realidade, o Esta<strong>do</strong> foi cont<strong>em</strong>pla<strong>do</strong> com o Programa de Desenvolvimento <strong>do</strong> Cerra<strong>do</strong> (Polocentro), com<br />
orientação única de modernizar as atividades agropecuárias <strong>do</strong> Centro-Oeste (2004, p.153 e 157).