CUNHA, Cileide Alves. Aval do passado - Pós-Graduação em ...
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Mesmo que não seja o foco central de sua narrativa, centrada <strong>em</strong> suas próprias<br />
ações, percebe-se que os resulta<strong>do</strong>s de sua gestão na prefeitura de Goiânia entre 1966 e<br />
1969 – e que alimentaram sua popularidade nos dez anos <strong>em</strong> que ficou afasta<strong>do</strong> da<br />
atividade política – decorreram de um conjunto de ações planejadas e da<br />
profissionalização da máquina administrativa. Iris montou uma boa equipe, fiel à sua<br />
liderança e competente para tocar projetos administrativos e obras; reestruturou a receita<br />
municipal, com o aumento de impostos e a criação de taxas de contribuição de melhoria,<br />
para aumentar os recursos <strong>do</strong> Tesouro municipal e fazer frente às d<strong>em</strong>andas por<br />
investimentos; realizou mutirões – envolven<strong>do</strong> não só a população, mas também<br />
comerciantes e <strong>em</strong>presários – para a solução <strong>do</strong>s probl<strong>em</strong>as <strong>em</strong>ergenciais da cidade<br />
(limpeza pública, encascalhamento de ruas, construção de bueiros, e até a construção da<br />
sede provisória da prefeitura, feita com material de construção <strong>do</strong>a<strong>do</strong> pelos<br />
comerciantes); mexeu na estrutura administrativa da prefeitura, como a criação da<br />
Pavicap, para dar agilidade à construção de obras; buscou recursos fora para construir<br />
casas populares. Tu<strong>do</strong> isso comanda<strong>do</strong> pelo “carreiro” (o prefeito), para usar suas<br />
palavras, que dirige o carro de boi, este puxa<strong>do</strong> pelos “bois de carro”, a equipe. Esse<br />
conjunto de fatos, entre os mais importantes, pode ajudar a entender o que representou<br />
aquela gestão tanto para o futuro político de Iris Rezende quanto para sua relação com a<br />
população.<br />
Quan<strong>do</strong> Iris Rezende procurou Pedro Lu<strong>do</strong>vico, segun<strong>do</strong> contou a esta<br />
pesquisa<strong>do</strong>ra, para pedir para ser libera<strong>do</strong> de nomear os secretariáveis indica<strong>do</strong>s pelo<br />
diretório <strong>do</strong> PSD ele não buscava um enfrentamento gratuito com seu parti<strong>do</strong> e seu<br />
comandante político. 249 Queria nomear uma equipe com preparo técnico e disposição<br />
para trabalhar. Ele alegou que a maioria <strong>do</strong>s indica<strong>do</strong>s pelo PSD eram líderes<br />
experientes, mais velhos que ele, caso <strong>do</strong> ex-prefeito Veneran<strong>do</strong> de Freitas Borges, e<br />
que ele teria dificuldade de exercer autoridade sobre eles. Iris deixa claro com esse<br />
gesto qu<strong>em</strong> mandaria e qu<strong>em</strong> teria de obedecer as ordens na prefeitura. Ele exerce<br />
integralmente o poder para o qual foi investi<strong>do</strong>, por isso só nomeia assessores sobre os<br />
249 Ao recusar a lista <strong>do</strong> PSD, Iris repetiu o ato político de Mauro Borges, que quebrou paradigmas, só<br />
que <strong>em</strong> condições políticas muito mais desfavoráveis que as da época de Iris. Ao enfrentar o PSD no<br />
início da década de 60, Mauro provocou uma crise com os pessedistas tradicionais. Com Iris, a realidade<br />
partidária era outra: a ditadura conseguira enfraquecer a oposição e estava prestes a dar o golpe fatal, a<br />
extinção de to<strong>do</strong>s os parti<strong>do</strong>s políticos e a instituição <strong>do</strong> bipartidarismo, autorizan<strong>do</strong> a criação de apenas<br />
duas instituições, Arena, para representar o governo, e MDB, pela oposição, que n<strong>em</strong> podiam incluir a<br />
palavra “parti<strong>do</strong>” no nome.