CUNHA, Cileide Alves. Aval do passado - Pós-Graduação em ...
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Ele conta que, nos dez anos <strong>em</strong> que ficou cassa<strong>do</strong>, evitou fazer política, mas<br />
não se distanciou das lideranças partidárias. “Eu era muito visita<strong>do</strong>. Meu escritório,<br />
depois das cinco horas, era um burburinho de companheiros.” 210 Aproveitou também o<br />
ostracismo político para se aproximar de Pedro Lu<strong>do</strong>vico. “Fui uma das pessoas a privar<br />
até da intimidade <strong>do</strong> dr. Pedro nos últimos anos de sua vida. [...] Toda s<strong>em</strong>ana eu saía<br />
<strong>do</strong> escritório <strong>em</strong> uma tarde e ia na casa dele. Ficava lá uma, duas horas conversan<strong>do</strong>.<br />
Normalmente na sexta-feira. Eu bebi muita experiência <strong>do</strong> dr. Pedro.” 211<br />
Iris se declarou candidato assim que venceu sua cassação, ainda <strong>em</strong> 79. Mauro<br />
e Santillo também anunciaram suas pretensões. Em 1981, ele desfez a sociedade no<br />
escritório de advocacia para se dedicar integralmente à política. A reconstrução <strong>do</strong><br />
parti<strong>do</strong>, segun<strong>do</strong> seu relato, lhe consumiu “<strong>do</strong>is anos de intenso trabalho.” Seu papel,<br />
nesse momento, era identificar as pessoas com potencial para ser candidato a prefeito e<br />
deputa<strong>do</strong> estadual e federal pelo Esta<strong>do</strong> afora. “O MDB no interior tinha acaba<strong>do</strong>. Ficou<br />
desse tamanhinho [mostra o de<strong>do</strong> indica<strong>do</strong>r b<strong>em</strong> próximo <strong>do</strong> polegar].” 212<br />
Ele, então, começou a apurar, entre seus conheci<strong>do</strong>s, nomes de pessoas de<br />
destaque <strong>em</strong> cada município. Depois arrumava um pretexto para visitar a cidade,<br />
encontrar-se com a pessoa e convidá-la a ser candidato <strong>em</strong> 1982. Ele cita <strong>do</strong>is casos.<br />
Uma vez, pediu a seu colega de escritório, o advoga<strong>do</strong> Paulo César Barbosa de Lima, 213<br />
a sugestão de um nome <strong>em</strong> Paraúna. Este se l<strong>em</strong>brou de Vicente Coelho, <strong>do</strong>no de<br />
cartório. Paulo César planejou um encontro, que a Vicente pareceu casual, durante uma<br />
pescaria na fazenda de um cliente <strong>do</strong> escritório de advocacia. Vicente aceitou o convite<br />
de Iris e se elegeu prefeito. O mesmo aconteceu <strong>em</strong> Iporá, onde Iris pediu a um amigo<br />
para arrumar um casamento para ele ser padrinho na cidade, oportunidade <strong>em</strong> que<br />
conheceu o médico José Antônio, que também aceitou ser candidato, se elegeu prefeito<br />
e, depois, deputa<strong>do</strong> estadual.<br />
Aí é que v<strong>em</strong> a liderança, você precisa ter olho clínico. Chegar <strong>em</strong> uma cidade e saber qu<strong>em</strong><br />
impõe respeitabilidade, credibilidade num projeto político. Muitas vezes você arranja um cara<br />
desclassifica<strong>do</strong>, que não t<strong>em</strong> respeitabilidade de ninguém, um conquista<strong>do</strong>r barato. Têm<br />
210 Entrevista, ibid<strong>em</strong>.<br />
211 Entrevista, ibid<strong>em</strong>.<br />
212 Entrevista, ibid<strong>em</strong>.<br />
213<br />
O advoga<strong>do</strong> Paulo Barbosa, informa Iris, morreu <strong>em</strong> um acidente de carro perto de Jandaia, ao voltar<br />
de sua fazenda <strong>em</strong> Jaraguá.