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CUNHA, Cileide Alves. Aval do passado - Pós-Graduação em ...

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174<br />

Leonel Brizola primeiro firmaram suas lideranças <strong>em</strong> uma estrutura partidária regional e<br />

somente depois se projetaram na política nacional” (2001, p. 107).<br />

Ao final de tu<strong>do</strong>, Ferreira pergunta-se: qu<strong>em</strong> são os populistas? A resposta,<br />

diz, dependerá <strong>do</strong> lugar político <strong>em</strong> que se encontra o personag<strong>em</strong> que faz a acusação. O<br />

populista é s<strong>em</strong>pre o adversário, o concorrente, o desafeto. Para ele, trata-se de uma<br />

questão <strong>em</strong>inent<strong>em</strong>ente política, até mesmo político-partidária: “O meu candidato, o<br />

meu parti<strong>do</strong>, a minha proposta política não são populistas, mas o teu candidato, o teu<br />

parti<strong>do</strong> e a tua proposta política, estes, sim, são populistas. Populista é s<strong>em</strong>pre o Outro,<br />

nunca o Mesmo” (2001, p. 124).<br />

Sob esse ponto de vista, não é de se estranhar que Iris Rezende rejeite ser<br />

incluí<strong>do</strong> na categoria <strong>do</strong> populismo. Ao fazê-lo, ele não recusa apenas a idéia de que<br />

“populista é aquele que se comporta de acor<strong>do</strong> com as manifestações populares, sejam<br />

viáveis ou não”, mas também contra toda a conceituação que se solidificou, não só na<br />

sociedade, como também no meio acadêmico, como mostram as pesquisas de Gomes e<br />

Ferreira.<br />

Iris já foi classifica<strong>do</strong> como líder populista. 264 Resumidamente, e corren<strong>do</strong> o<br />

risco de simplificação, contribu<strong>em</strong> para sua inclusão nesta categoria sua personalidade<br />

de aglutina<strong>do</strong>r de posições políticas antagônicas; de práticas administrativas<br />

consideradas como tais, como os mutirões, presentes <strong>em</strong> to<strong>do</strong>s os seus governos; seu<br />

estilo de persuasão política de eleitores e adversários com sua oratória eficiente; a<br />

manipulação da população com o uso ostensivo da propaganda política e seu desejo de<br />

reconhecimento público; sua obsessão por atender às d<strong>em</strong>andas das classes mais<br />

carentes <strong>do</strong> eleitora<strong>do</strong> e sua facilidade para falar ao povo e administrar para ele.<br />

As realizações de sua administração na prefeitura de Goiânia, <strong>em</strong> fins da<br />

década de 60, completam os argumentos a favor dessa análise: houve a combinação de<br />

uma liderança carismática, com o atendimento de d<strong>em</strong>andas da população, com sua<br />

capacidade articulatória concilian<strong>do</strong> um discurso de oposição s<strong>em</strong> desgastar sua relação<br />

amigável com os militares, com a utilização de méto<strong>do</strong>s de clientelismo e cooptação e a<br />

realização de mutirões como prática de <strong>do</strong>minação política. Essa combinação de ações<br />

populistas ocorreu <strong>em</strong> um cenário político apropria<strong>do</strong>: a cidade estava inchada por uma<br />

264<br />

Ver MEDEIROS, Erland Bilac <strong>Alves</strong>. O Irismo <strong>em</strong> Goiás: 65/86: um estilo populista. Goiânia, 1999.<br />

Dissertação (Mestra<strong>do</strong>) – UFG.

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