CUNHA, Cileide Alves. Aval do passado - Pós-Graduação em ...
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2.4 – A estréia nas urnas<br />
Em 1958, quan<strong>do</strong> assinou sua primeira ficha de filiação partidária, ele era<br />
apenas um jov<strong>em</strong> estudante da Faculdade de Direito que fazia oposição a Pedro<br />
Lu<strong>do</strong>vico Teixeira, mas também s<strong>em</strong> afeições à UDN. “Fui para o PTB, porque o<br />
parti<strong>do</strong> não estava coliga<strong>do</strong> com o PSD. Eu era anti-Lu<strong>do</strong>vico. A UDN era uma elite<br />
intelectual de Goiás.” 64 A UDN surgiu no cenário partidário brasileiro reunin<strong>do</strong> <strong>em</strong> suas<br />
fileiras uma heterogeneidade de líderes que tinham <strong>em</strong> comum o sentimento de<br />
oposição à ditadura de Getúlio Vargas durante o Esta<strong>do</strong> Novo. Um <strong>do</strong>s funda<strong>do</strong>res da<br />
UDN <strong>em</strong> Goiás, <strong>em</strong> 1945, foi um líder da esquerda d<strong>em</strong>ocrática, Domingos Neto de<br />
Velasco.<br />
Em sua orig<strong>em</strong>, a UDN era um movimento a favor da liberdade e de denúncia<br />
contra a ditadura. A ex<strong>em</strong>plo <strong>do</strong> que ocorrera nacionalmente, a seção goiana abarcou<br />
também forças políticas antagônicas entre si. Eram os grupos alija<strong>do</strong>s <strong>do</strong> poder depois<br />
de 1930, com a ascensão de Pedro Lu<strong>do</strong>vico Teixeira: desde grupos oligárquicos, como<br />
as famílias Caia<strong>do</strong> e Jalles Macha<strong>do</strong> (Fernandes, 2005) a dissidentes <strong>do</strong> lu<strong>do</strong>viquismo,<br />
caso de Domingos Velasco. Ao analisar a história da UDN <strong>em</strong> Goiás durante o perío<strong>do</strong><br />
da red<strong>em</strong>ocratização pós-Esta<strong>do</strong> Novo, Fernandes afirma que a divisão <strong>em</strong> parti<strong>do</strong> rural<br />
para classificar o PSD <strong>em</strong> parti<strong>do</strong> urbano e de classe média para a UDN, como registra a<br />
literatura nacional, esconde as especificidades regionais de ambos. Em Goiás, diz o<br />
autor, não há essa dicotomia, pois ambos são igualmente oligárquicos (Fernandes, 2005,<br />
p. 62).<br />
Iris Rezende não tinha vínculos políticos, econômicos ou sociais com as duas<br />
oligarquias. Seu pai, Filostro Carneiro Macha<strong>do</strong>, nasceu <strong>em</strong> Caldas Novas e sua mãe,<br />
Genoveva Rezende Carneiro, <strong>em</strong> Morrinhos. Eles conheceram-se <strong>em</strong> uma convenção da<br />
Igreja Cristã Evangélica, fundada por canadenses e ingleses no início <strong>do</strong> século XX, na<br />
região sudeste <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>. 65 Casaram-se e foram viver <strong>em</strong> Cristianópolis, na época um<br />
64 Entrevista <strong>em</strong> 26/11/2007.<br />
65 A orig<strong>em</strong> da Igreja Cristã Evangélica <strong>do</strong> Brasil (Iceb) foi <strong>em</strong> Toronto, no Canadá. Jovens crentes<br />
reuniram-se com a missão de evangelizar a América <strong>do</strong> Sul. Começaram pela Argentina. Depois<br />
chegaram ao Brasil, estabelecen<strong>do</strong>-se <strong>em</strong> Carolina, no Maranhão. A primeira igreja no Brasil foi a Igreja<br />
Cristã Paulistana, fundada <strong>em</strong> 1901 pelo canadense Reginal<strong>do</strong> Young. O engenheiro Frederico C. Glass,<br />
que trabalhou com Young, auxilia<strong>do</strong> pelos brasileiros Ricar<strong>do</strong> José <strong>do</strong> Vale e Joaquim Portilho,<br />
estabeleceu-se no sudeste de Goiás no início <strong>do</strong> século XX: <strong>em</strong> Catalão (1902) e <strong>em</strong> Santa Cruz de Goiás<br />
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