CUNHA, Cileide Alves. Aval do passado - Pós-Graduação em ...
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esponder com agilidade às necessidades que se multiplicavam. O prefeito Hélio de<br />
Brito (UDN) foi antecessor de Iris. Ele governou a cidade entre 1961 e 1965, um<br />
perío<strong>do</strong> de grandes dificuldades políticas e financeiras no município.<br />
A Prefeitura de Goiânia não tinha autonomia administrativa até o governo de<br />
Hélio de Brito. “O Esta<strong>do</strong> administrava Goiânia <strong>do</strong> Lago das Rosas para cá [ele<br />
concedia esta entrevista no Setor Oeste]. Até os c<strong>em</strong>itérios eram administra<strong>do</strong>s pelo<br />
Esta<strong>do</strong>. A prefeitura só mexia <strong>em</strong> Campinas, e como não havia nada [recursos],<br />
Campinas ficava lá, aban<strong>do</strong>nada.” 133 Hélio de Brito defendeu a <strong>em</strong>ancipação políticoadministrativa<br />
de Goiânia da tutela <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> durante sua campanha eleitoral. Eleito,<br />
Brito enviou ofício ao governa<strong>do</strong>r Mauro Borges solicitan<strong>do</strong> a <strong>em</strong>ancipação. “O Mauro<br />
assinou um decreto transferi<strong>do</strong> à Prefeitura to<strong>do</strong>s os serviços, mas não transferiu o<br />
recurso e o dr. Hélio enfrentou muitas dificuldades.” 134<br />
Os probl<strong>em</strong>as da cidade não apareceram na cobertura da campanha eleitoral<br />
feita pela imprensa, comprometida com os candidatos da UDN. Um artigo de Alfre<strong>do</strong><br />
Nasser “A cidade que acabou” (O Popular, 17/8/65), é a única referência ao t<strong>em</strong>a, assim<br />
mesmo para minimizá-lo. O deputa<strong>do</strong> federal <strong>em</strong> campanha à reeleição ironiza as<br />
críticas da oposição e defende o prefeito da UDN, seu alia<strong>do</strong> político. Ele admite que a<br />
cidade tinha probl<strong>em</strong>as, mas responsabiliza o governo estadual, pois Goiânia ficara sob<br />
a tutela <strong>do</strong> governo desde sua fundação, <strong>em</strong> 1933, até sua <strong>em</strong>ancipação administrativa já<br />
no governo de Mauro Borges, na década de 60, longo perío<strong>do</strong> comandada pelo PSD.<br />
Independent<strong>em</strong>ente <strong>do</strong> <strong>em</strong>bate político, o fato é que os probl<strong>em</strong>as existiam. Se<br />
a imprensa foi omissa durante a campanha, ela falava abertamente deles três anos antes<br />
da eleição, antes <strong>do</strong> golpe militar. A leitura de algumas edições de jornais de 1962<br />
revela as dificuldades da cidade e de seu prefeito, Hélio de Brito. Com o título “Nas<br />
ruas da cidade” (29/3/62), O Popular informa: “Motivo de desalento: buracos, bancos<br />
quebra<strong>do</strong>s, lâmpadas queimadas, pistas asfálticas destruídas, sujeira na cidade.” A foto<br />
de lixo espalha<strong>do</strong> <strong>em</strong> plena Avenida Paranaíba ilustra o texto, confirma<strong>do</strong> o “aspecto de<br />
Goiânia aban<strong>do</strong>nada.”<br />
A coluna Notas e Fatos <strong>do</strong> Popular, assinada pelo jornalista Domiciano de<br />
Faria, tratava os probl<strong>em</strong>as da cidade com bom humor. Em uma edição, um quadra<strong>do</strong><br />
133 Entrevista, ibid<strong>em</strong>.<br />
134 Entrevista, ibid<strong>em</strong>.<br />
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