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CUNHA, Cileide Alves. Aval do passado - Pós-Graduação em ...

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166<br />

“Eu não enxergo o servi<strong>do</strong>r público numa condição especial <strong>do</strong>s d<strong>em</strong>ais<br />

segmentos.” 256 Como Iris valoriza o trabalho, orgulha-se <strong>do</strong> que faz e acredita que uma<br />

pessoa só se realiza quan<strong>do</strong> produz, imagina que a melhor forma de tratar o servi<strong>do</strong>r é<br />

manter com a categoria uma relação profissional. Para ele, os funcionários “vibram” e<br />

se sent<strong>em</strong> “partícipes” quan<strong>do</strong> o poder público está realizan<strong>do</strong> muitas obras. “O povo<br />

analisava qu<strong>em</strong> estava no serviço público pelo resulta<strong>do</strong> de seu trabalho”, acredita. 257<br />

Essa posição a respeito <strong>do</strong> funcionalismo pode ser compreendida sob <strong>do</strong>is<br />

aspectos. Em primeiro lugar, ele não enxerga a categoria com uma “[...] ‘estima social<br />

específica’ <strong>em</strong> comparação com os governa<strong>do</strong>s.” (Weber, 1982, p. 233). Em segun<strong>do</strong>,<br />

ele entende que esse profissional deve servir ao interesse público, uma visão que<br />

pre<strong>do</strong>minou após o Esta<strong>do</strong> Novo, de profissionalização <strong>do</strong> serviço público. Uma linha<br />

de pensamento expressa pelo jurista Francisco Campos, o autor da Constituição de 1937<br />

– e também <strong>do</strong> Ato Institucional <strong>do</strong> golpe de 1964 – e um <strong>do</strong>s teóricos <strong>do</strong><br />

esta<strong>do</strong>novismo: “O serviço público não é organiza<strong>do</strong> para o funccionario, mas para o<br />

povo ou para a Nação. Não póde haver garantias contra o interesse público. O interesse<br />

publico ha de dictar o ingresso <strong>do</strong> funccionario na carreira e o seu afastamento <strong>do</strong><br />

serviço”. (1940, p. 59). Iris identifica-se com essa linha de pensamento, pois, além de<br />

suas convicções, sua orig<strong>em</strong> rural não lhe possibilitou criar vínculos com as elites <strong>do</strong><br />

funcionalismo público. Acrescente-se a isso que ele v<strong>em</strong> de uma geração que assistiu<br />

aos primeiros passos para a profissionalização da máquina pública brasileira. Aliás, foi a<br />

reforma no Esta<strong>do</strong> goiano impl<strong>em</strong>entada pelo Plano MB que mais o <strong>em</strong>polgou com o<br />

governo de Mauro Borges.<br />

3.6 – Imag<strong>em</strong> e política: entre o d<strong>em</strong>agogo e o líder popular<br />

A Realidade, uma das mais importantes revistas nacionais da época, man<strong>do</strong>u<br />

uma equipe a Goiânia atraída pela notícia <strong>do</strong>s mutirões. O repórter José Carlos Marão e<br />

o fotógrafo Jorge Buts<strong>em</strong> acompanharam Iris de quinta-feira a <strong>do</strong>mingo e produziram<br />

uma reportag<strong>em</strong> que ocupou cinco páginas. O prefeito de Goiânia recebeu o jornalista<br />

com uma pergunta: “Quanto vai custar a reportag<strong>em</strong>? D<strong>em</strong>orou a acreditar que não ia<br />

256<br />

Entrevista <strong>em</strong> 9/7/2007.<br />

257<br />

Entrevista, ibid<strong>em</strong>.

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