CUNHA, Cileide Alves. Aval do passado - Pós-Graduação em ...
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operários. Dedicava-se também a receber verea<strong>do</strong>res, secretários, e na campanha eleitoral (<strong>em</strong><br />
1966 houve eleição para verea<strong>do</strong>r) a orientar candidatos (Realidade, p. 29).<br />
Iris não fez milagre na prefeitura, fez planejamento administrativo. Ele<br />
lamenta que suas ações administrativas não são reconhecidas pela “elite intelectual” e<br />
por seus adversários. Ser um bom administra<strong>do</strong>r, <strong>em</strong> sua opinião, é gerenciar o b<strong>em</strong><br />
público como se gerencia uma <strong>em</strong>presa particular ou um orçamento <strong>do</strong>méstico, com<br />
cuida<strong>do</strong>s básicos, como fazer economia, controlar gastos, formar uma boa equipe de<br />
assessores e ter prioridades administrativas. É importante observar que, <strong>em</strong> sua<br />
estratégia de promoção política, Iris divulga as dificuldades encontradas quan<strong>do</strong> toma<br />
posse e depois as realizações, s<strong>em</strong> explicar como resolveu a crise financeira e conseguiu<br />
recursos para as obras. Essa estratégia induz o eleitor a acreditar que Iris t<strong>em</strong><br />
superpoderes administrativos, e a transformá-lo <strong>em</strong> mito, isto é, <strong>em</strong> um político ímpar<br />
<strong>em</strong> gestão pública.<br />
Cabe aqui um parêntese que considero revela<strong>do</strong>r sobre o estilo político de Iris,<br />
sua relação com os servi<strong>do</strong>res públicos. Ele iniciou sua administração na prefeitura de<br />
Goiânia com um relacionamento tumultua<strong>do</strong> com os servi<strong>do</strong>res, que se repetiria <strong>em</strong><br />
outros momentos de sua carreira política. Os salários estavam atrasa<strong>do</strong>s quan<strong>do</strong> tomou<br />
posse. Ele decidiu, então, pagar <strong>em</strong> dia o salário <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> de seu governo e parcelar os<br />
atrasa<strong>do</strong>s, que her<strong>do</strong>u da administração de Hélio de Brito. A prefeitura d<strong>em</strong>orou a<br />
atualizar os pagamentos e enfrentou a oposição <strong>do</strong>s servi<strong>do</strong>res, lidera<strong>do</strong>s por João<br />
Divino Dornelles, um servi<strong>do</strong>r público que depois se elegeria deputa<strong>do</strong> pelo MDB e<br />
seria alia<strong>do</strong> de Iris Rezende. João Divino espalhou bancas pela cidade, onde os<br />
servi<strong>do</strong>res pediam esmolas à população, como forma de constranger o prefeito.<br />
Iris enfrentaria outros <strong>em</strong>bates com os servi<strong>do</strong>res, mas ele não aceita a<br />
acusação de que não gosta de funcionário, explorada por seus adversários nas<br />
campanhas eleitorais. Só que essa imag<strong>em</strong> não apareceu <strong>do</strong> nada, e sim de decisões<br />
tomadas por ele, que contrariaram interesses de servi<strong>do</strong>res, nas presidências da Câmara<br />
e da Ass<strong>em</strong>bléia, na prefeitura de Goiânia e, posteriormente, no coman<strong>do</strong> <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>. Os<br />
recursos públicos são s<strong>em</strong>pre escassos no Brasil e um administra<strong>do</strong>r precisa eleger<br />
prioridades. Iris s<strong>em</strong>pre priorizou a realização de obras públicas e nunca o atendimento<br />
a reivindicações da categoria. Além disso, ele próprio admite que mantém uma distância<br />
da categoria.