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CUNHA, Cileide Alves. Aval do passado - Pós-Graduação em ...

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Em 1958, sua eleição surpreendeu não apenas por ter recebi<strong>do</strong> a votação “mais<br />

elevada <strong>em</strong> toda a história política de Goiânia e talvez de Goiás”, 91 mas porque um<br />

político pouco conheci<strong>do</strong> foi o mais vota<strong>do</strong>. Em 1962 foi diferente. Iris já era<br />

conheci<strong>do</strong>, assim também como seu projeto de construir uma longa carreira política. Na<br />

entrevista que concedera à Folha, <strong>em</strong> 2 de nov<strong>em</strong>bro de 1958, ele avisara que “já<br />

trabalhava para o próximo pleito.” E completou: “Se Deus ajudar que eu corresponda à<br />

expectativa <strong>do</strong> meu povo, disputarei posto eleva<strong>do</strong>, pois as massas estão confiantes na<br />

mocidade e, conseqüent<strong>em</strong>ente, procuram destruir os velhos políticos e velhas<br />

mentalidades.” 92<br />

Quatro anos depois dessa declaração, Iris já estava próximo de um “velho<br />

político”, Pedro Lu<strong>do</strong>vico Teixeira, e de um parti<strong>do</strong> oligárquico, o PSD. A mudança de<br />

la<strong>do</strong> não prejudicou sua carreira. Iris acredita que Mauro Borges não conhecia seu<br />

potencial eleitoral. Ele recorda-se que, <strong>do</strong>is dias antes da eleição, o governa<strong>do</strong>r<br />

convi<strong>do</strong>u-o para ir a Cristianópolis inaugurar a rede de transmissão de energia elétrica<br />

da Usina <strong>do</strong> Roche<strong>do</strong> para o município. No caminho, Mauro lhe informa-o de que o<br />

governo fizera uma pesquisa e que, segun<strong>do</strong> esta, se o PSD elegesse 24 deputa<strong>do</strong>s<br />

estaduais Iris estaria entre os eleitos. “Mas não arranja uma colocação melhor pra mim<br />

não, governa<strong>do</strong>r. Por que 24? [risos].” 93<br />

Iris conta que s<strong>em</strong>pre evitou abrir a guarda, mesmo diante de alia<strong>do</strong>s políticos,<br />

t<strong>em</strong>en<strong>do</strong> fornecer informações que pudess<strong>em</strong> ser usadas contra si próprio, uma<br />

característica que, diz, mantém nesses 50 anos de atividade política. É ainda mais<br />

cauteloso quan<strong>do</strong> está às vésperas de uma eleição e diante de um governa<strong>do</strong>r, pois este<br />

s<strong>em</strong>pre t<strong>em</strong> suas preferências eleitorais e muito poder de ação. Naquele dia, entretanto,<br />

foi diferente. Ele correu um risco, mas calcula<strong>do</strong>.<br />

Eu pensei: naquele dia ele [Mauro] ia passar a noite <strong>em</strong> Ipameri, não tinha como voltar<br />

voan<strong>do</strong>. O que ele podia me estragar no penúltimo dia de eleição? Não tinha mais comício,<br />

não tinha nada. Ah, eu não vou ser humilha<strong>do</strong> não. Aí falei: “Governa<strong>do</strong>r, a sua pesquisa está<br />

errada.” “Por quê?” “Oh, se eu não for o primeiro mais vota<strong>do</strong>, eu vou ser o segun<strong>do</strong>.” “Como<br />

Iris? Essa cédula única acabou com você” 94 . “Não, mas mesmo assim, se não fosse essa cédula<br />

única, eu ia ter voto era pra quatro, pra cinco [deputa<strong>do</strong>s].” 95<br />

91 Folha de Goiaz, 2/11/58.<br />

92 Folha, idib<strong>em</strong>.<br />

93 Entrevista 2/12/2006.<br />

94 A Justiça Eleitoral mu<strong>do</strong>u naquele ano o processo de votação para os cargos proporcionais. Antes, o<br />

eleitor levava a cédula <strong>do</strong> candidato para a cabine e colocava-a nas sobrecartas distribuídas pelos<br />

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