Anais de Historia CPTL - 2006.pmd - Campus de Três Lagoas

Analisando o histórico do município percebe-se uma certa
exaltação do aspecto religioso em sua escrita, podendo ser reflexo
da religiosidade que envolve a comunidade florealense. Isto pode
ser exemplificado no trecho a seguir, referente a derrubada da mata
para a implantação das primeiras habitações: “Ao redor de um quadro
de terras, onde o espírito social e cristão do homem fez derrubar
a mata [...]” 4
Embora os depoimentos recolhidos ao longo da pesquisa mostrem
a presença de povoadores já por volta de 1929, foi somente em 6
de agosto de 1935 que o município foi fundado, tendo como marco o
levantamento de um cruzeiro e a reza de um terço. O histórico do
município relata esta data com uma visão um tanto romântica e
idealizadora, como podemos observar na passagem a seguir:
Em 1935, a 6 de agosto, cumprindo devoção de moradores,
realizava-se um terço. A devoção era de São
Bom Jesus, em cuja fé se assentou a coragem e a
resistência do homem de então, para vencer as intempéries
próprias da época e, principalmente, daquele
meio ambiente. Assim surgia a ‘Vila Floresta’.
Em uma das entrevistas para a realização da pesquisa, a senhora
Amábile Maria Tizzo Vendramel, conta com orgulho que seu pai,
Carlos Tizzo, foi quem ajudou a erguer o cruzeiro e rezar o terço (marcos
da fundação do município). Segundo Azzi (1978), a prática de se
erguer cruzeiros tem sua origem no Brasil desde 1500, com a chegada
dos portugueses no país. A cruz, para o autor, é indicação da fé católica
e pode ter diversos significados como marco de conquista, local
de culto litúrgico, expressão da fé cristã, entre outros.
A entrevistada conta ainda que uma das primeiras construções
feitas na cidade foi a de uma capelinha, em um terreno doado. Foi
escolhido pelos moradores como primeiro padroeiro do município São
Bom Jesus, e como segundo São Sebastião. Azzi aponta que a construção
de capelas era muito comum na colônia, e que esse costume
foi renovado no período Imperial por diversos grupos de imigrantes.
Nas palavras do autor:
Durante a época imperial, o Brasil abriu as portas à
imigração estrangeira. E aqui se estabeleceram inúmeras
colônias de alemães, poloneses e italianos
principalmente.
Em quase sua totalidade, essas pequenas comunidades
de imigrantes se preocupavam desde o início
em construir seus próprios locais de culto.(1978,p.47)
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