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Anais de Historia CPTL - 2006.pmd - Campus de Três Lagoas

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passa pela relação nós e os outros e escrever sobre o Oriente requer<br />

um cuidado <strong>de</strong> saber que há uma invenção <strong>de</strong> representações européias,<br />

chamadas orientalismo:<br />

254<br />

O Oriente era quase uma invenção européia [...] um<br />

lugar <strong>de</strong> romance, <strong>de</strong> seres exóticos, <strong>de</strong> memórias e<br />

paisagens obsessivas, <strong>de</strong> experiências notáveis [...]<br />

on<strong>de</strong> estão localizadas as maiores, mais ricas e mais<br />

antigas colônias européias, a fonte das suas civilizações<br />

e línguas, seu concorrente cultural [da Europa]<br />

e uma das mais profundas e recorrentes imagens do<br />

Outro (SAID, 1990, p. 13).<br />

Este orientalismo é um discurso com intensão autoritária, é a<br />

fala do Oeste sobre o Leste que tenta revelar quem é o oriental, colocado<br />

como inferior, e personificar o europeu-oci<strong>de</strong>ntal como superior.<br />

O termo árabe ao longo da história modificou-se, por exemplo,<br />

hoje ser árabe é diferente <strong>de</strong> ser muçulmano, mas no início do islamismo<br />

no século VII, por exemplo, foram sinônimos, este termo era aplicado<br />

apenas a quem falava árabe, quem era <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> grupos <strong>de</strong><br />

beduínos nôma<strong>de</strong>s do norte da Península Arábica. A própria grafia <strong>de</strong>ste<br />

termo tem dois sentidos, “árab” é um membro <strong>de</strong> uma tribo árabe,<br />

enquanto que “a’rab”, significa beduíno, habitantes nôma<strong>de</strong>s do norte<br />

da Península Arábica, que já viviam nesta localização antes do Islã<br />

(Mantran apud NUNES, 2002, p. 190).<br />

Quando o Islã surge na Península, século VII, a nova religião<br />

une politicamente grupos setentrionais e meridionais da região. Consolidada<br />

a união, formou-se um Estado, que se expandiu e tornou-se<br />

um Império. Essa expansão é caracterizada por dois movimentos:<br />

arabização e islamização. A arabização é o conjunto <strong>de</strong> costumes,<br />

ética, idioma árabe que muitos grupos diferentes aos poucos foram<br />

a<strong>de</strong>rindo. A islamização é o processo <strong>de</strong> incorporação da religião<br />

islâmica à cultura local. Estes dois movimentos estão <strong>de</strong>ntro da expansão<br />

do Império Árabe, porém com alcances em tempos heterogêneos.<br />

Estes dois processos vão criar socieda<strong>de</strong>s, que são árabes e<br />

não muçulmanos, bem como muçulmanos e não árabes, ou nem uma<br />

coisa nem outra, pois no meio dos<br />

povos conquistados, aqui e ali, houve os que recusaram<br />

quer a língua do conquistador, quer a sua religião,<br />

ou mesmo ambas sobrevivendo no meio dos<br />

Árabes, como foi o caso dos Curdos ou dos Berberes<br />

no Iraque ou no norte da África, dos Maronitas ou dos<br />

Cópitas no Líbano ou no Egito. Surgiram novas seitas<br />

no próprio Islão [...]: Xiitas, Yaziditas no Iraque,

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