Anais de Historia CPTL - 2006.pmd - Campus de Três Lagoas

Ennes afirma que a prática de transformar terra em mercadoria
impulsionou a penetração humana em terras virgens, gerando sempre
uma nova zona pioneira, e conseqüentemente o surgimento dos “patrimônios”.
Em entrevista com D.ª Francisca da Conceição Medeiros, moradora
na cidade de Pereira Barreto, que há algumas décadas atrás
morou no patrimônio Santo Antônio, ela afirma que o patrimônio era um
lugar onde os moradores das fazendas, sítios e vilas rurais iam em
busca de alimentos que eram encontrados no armazém que, vendia
desde alimentos até ferramentas para o trabalho no campo. Havia ali
além do armazém a Igreja de Santo Antônio, a escola e a sorveteria.
O local tinha um movimento maior nos sábados e domingos,
quando os moradores das fazendas e vilas rurais iam fazer suas compras,
ou quando recebia a visita de algum circo que, algumas vezes,
trazia, além de sua atração normal, alguns artistas famosos, principalmente
duplas sertanejas.
Vale destacar que este patrimônio se tornou distrito da cidade
de Pereira Barreto, e depois tornou-se cidade recebendo o nome de
Suzanápolis.
Além disso, o patrimônio esteve sempre ligado à religião, principalmente
católica. Geralmente é ali que se encontra a igreja onde o
padre, de quando em quando, ia rezar a missa.
Fundar um patrimônio é prática antiga no Brasil. Até o
final do último século era um ato de caráter religioso.
O fundador “dava” uma parcela de terra a um santo e
ali fazia construir uma capela. As pessoas fixavam-se
ao redor de pequena igreja, aproveitando-se da
gratuidade dos terrenos ou, de qualquer forma, do
pagamento medíocre que o padre lhe viesse pedir.
(MONBEING, 1984, p.235).
Outro fator importante no processo de povoamento foi o estabelecimento
da estação ferroviária de Lussanvira em 13 de maio de 1910.
Segundo a revista alusiva aos setenta e sete anos da cidade, a estação
interligava o trecho entre a cidade de Araçatuba e Jupiá. Ela teria
funcionado até 1940 quando, devido um surto de Malária ocorrido na
região, a estação passou a não funcionar e a linha passou a ser
Andradina-Araçatuba.
Esta estação teria sido responsável pela vinda de algumas famílias
que foram se fixando nos patrimônios ou vilas rurais (Quilômetro
11, 20, 14 etc.), inclusive os primeiros imigrantes japoneses, formando
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