Anais de Historia CPTL - 2006.pmd - Campus de Três Lagoas
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senvolvimento sócio-econômico do Itapura em quase toda sua existência<br />
na segunda meta<strong>de</strong> do século XIX, mas essencialmente no período<br />
em que aquele diretor esteve no seu comando (Silva, 1972, p. 56-77).<br />
Em 1876, o diretor da vila <strong>de</strong> Itapura, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> <strong>de</strong> 27 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong><br />
1873, é Joaquim Ribeiro da Silva Peixoto. Este capitão, ora um homem<br />
valente, solicita a seus superiores “gente boa” para trabalhar como<br />
empregado no sertão, diz ele para que<br />
[...] não se escolhão, como <strong>de</strong> costume, as <strong>de</strong> peior<br />
comportamento, <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>iros e insubordinados, porem<br />
sim as <strong>de</strong> melhor índole, e morígerados, com<br />
preferência os casados, pois que sendo este lugar<br />
excepcional pela distancia que o separa dos outros<br />
povoados, e sendo a população composta <strong>de</strong> peior<br />
gente, isto (é) das fezes da socieda<strong>de</strong>, muita força<br />
moral precisa ter aqui um Chefe para po<strong>de</strong>r conter<br />
semelhante gente. (Barros, 1957, p.304)<br />
A preocupação dos primeiros diretores com a jurisdição e correções<br />
militares não lhes <strong>de</strong>ixaram imprimir o caráter rigoroso, pelo menos<br />
aqueles que para o interesse que se busca seriam mais reveladores.<br />
Froly é uma mulher que foi expulsa da vila do Itapura numa certa<br />
noite. Desta vez é um escandaloso registro <strong>de</strong> que o atual diretor da<br />
vila Luís Pereira Duarte teve <strong>de</strong> expedí-lo aos seus superiores contando<br />
que esta mulher é “amisiada” do capitão Joaquim Ribeiro da Silva<br />
Peixoto, homem que certa vez também foi um dos diretores da vila. Diz<br />
o capitão Duarte em seu ofício, datado <strong>de</strong> 28 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1882,<br />
que “[...] na noite <strong>de</strong> 7 do corrente estando elle [o capitão Peixoto] em<br />
completa urgia com aquella mulher [a Froly] nos braços em presença<br />
<strong>de</strong> colonos e da banda <strong>de</strong> Musica”, lhe provocou a fazer o que fez, isto<br />
é, corrigir seu então “subordinado”. Não sem <strong>de</strong>mora, um ano <strong>de</strong>pois o<br />
capitão Peixoto vinga-se <strong>de</strong> Duarte, este agora ex-diretor. Faz ele um<br />
expurgo entre as “rameiras e bêbadas” da colônia. E enxotando-as,<br />
ouvimos o capitão dizer que “Entre essas mulheres sobressae a colona<br />
Brasília Rosa da Silva – barregã do ex-diretor [...]” (Barros, 1957, p.<br />
308).<br />
Embora fosse uma vila voltada às ativida<strong>de</strong>s agrárias seu aspecto<br />
urbano sob a auréola da mentalida<strong>de</strong> militar aparecem vez ou<br />
outra. A principal autorida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> acordo com Silva, em qualquer estabelecimento<br />
militar era o diretor. Os diretores da vila do Itapura, predominantemente<br />
naval, pertenciam ao oficialato da Marinha; uma exceção<br />
em relação às outras colônias militares do país, on<strong>de</strong> esse chefe<br />
se fazia por oficial do Exército ou reformado. Uma coisa nós sabemos,<br />
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