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Anais de Historia CPTL - 2006.pmd - Campus de Três Lagoas

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das <strong>de</strong>mais nações. Afirmava ainda que a escolha <strong>de</strong>veria ser realizada<br />

minuciosamente. Arouca acreditava na teoria <strong>de</strong> que cada povo e<br />

cada raça possuem uma aptidão natural.<br />

Se é italiano, aí temos o comércio <strong>de</strong> folha-<strong>de</strong>-flandres;<br />

se é francês, aí temos mais um joalheiro; se é português,<br />

aí temos um armazém <strong>de</strong> cebolas, paios e presuntos<br />

(risadas); se é alemão, temos logo 4,6,8 vacas<br />

para a manteiga (continuam as risadas), temos<br />

logo uma padaria para se misturar o trigo com o milho.<br />

(AZEVEDO, 2004, p. 109)<br />

Outra teoria em voga era a <strong>de</strong> que o estrangeiro não tinha interesse<br />

em trabalhar na lavoura, por ser um serviço braçal on<strong>de</strong> era necessário<br />

superar a “rotina <strong>de</strong> fogo, enxada e machado”. Ainda por cima o<br />

estrangeiro não iria se submeter a isso em troca <strong>de</strong> um mísero salário.<br />

Para Arouca os nacionais eram os únicos que seriam capazes <strong>de</strong> suprir<br />

as necessida<strong>de</strong>s dos fazen<strong>de</strong>iros, uma vez que já estavam moldados<br />

aos trabalhos agrícolas. Para fundamentar suas teorias propõe algumas<br />

leis que obriguem, <strong>de</strong> certa forma, os nacionais a aceitarem o trabalho.<br />

Outras propostas foram levantadas, porém, sem gran<strong>de</strong> êxito.<br />

Dentre as varias críticas feitas por Arouca é perceptível a insatisfação<br />

pelos estrangeiros. Afirma várias vezes, em seus discursos,<br />

que os estrangeiros não suportam trabalhos árduos, afirmava ainda<br />

que estes trabalham apenas quatro dias por semana e que ainda assim<br />

<strong>de</strong>scansam em boa parte do dia 3 .<br />

Apesar dos exageros <strong>de</strong> Arouca é certo que os proprietários <strong>de</strong><br />

terras viam o <strong>de</strong>scanso <strong>de</strong> seus empregados como vadiagem. O proprietário<br />

apesar <strong>de</strong> ter tal visão e <strong>de</strong>ter o po<strong>de</strong>r sofria com algumas<br />

atitu<strong>de</strong>s feitas pelos seus empregados, e em gran<strong>de</strong> parte nada podia<br />

fazer para reverter esta situação. Os trabalhadores tinham e praticavam<br />

formas <strong>de</strong> resistência à situação em que viviam. Uma das resistências<br />

girava em torno do tempo <strong>de</strong> serviço imposto, que era abusivo.<br />

Na verda<strong>de</strong> a aptidão, que era tão citada pelos <strong>de</strong>putados que <strong>de</strong>fendiam<br />

o trabalhador nacional, era sonhada e vista pelos proprietários, que<br />

com segundas intenções, <strong>de</strong>claravam haver aqueles que tinham aptidão<br />

ao trabalho na lavoura. A aptidão do trabalhador nacional assumia<br />

o sentido preciso da aceitação pacífica por trabalhos exce<strong>de</strong>ntes, tempo<br />

não remunerado e más condições <strong>de</strong> sobrevivência. O que era visto<br />

pelo grupo dominante como aptidão, era o oposto para os trabalhadores<br />

que a viam como a servidão.<br />

Os proprietários planejavam gerar em cada trabalhador nacional<br />

o “amor pelo trabalho”, a “moral” para assim ter uma “nação <strong>de</strong> bons<br />

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