Anais de Historia CPTL - 2006.pmd - Campus de TrÃªs Lagoas

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tras áreas (interdisciplinaridade) e diálogo com as fontes, ou seja, material empírico. As fontes são vestígios que auxiliam no conhecimento do passado. Para Mattoso (1988) podemos ter várias formas de representar o passado, ele apresenta uma realidade subjetiva, mais passa pelo método objetivo. Por exemplo, ir até a documentação, trabalho em arquivos, é uma prática objetiva. A partir dessa discussão teórico-metodológica, ainda Mattoso coloca em seu trabalho três momentos da elaboração do discurso histórico. São eles: 1. O exame do passado através das suas marcas – documentos e vestígios. Após todo um levantamento de fontes e bibliográfico é preciso que se faça um minucioso exame de tudo o que foi buscado e conseqüentemente adquirido, pois o passado deixou marcas, vestígios, pistas, e com isso o historiador vai montar seu quebra-cabeça. A partir de tudo isso surgirá, se ainda não tiverem surgido, as problemáticas e eixos temáticos que se desenvolvem o trabalho. 2. Representação mental que desse exame resulta – está aqui a figura do ser pensante. Com a análise minuciosa que deve ser feita das fontes e sobre o objeto de estudo é o momento do elaborar as considerações sobre o que se pensou, esse é um momento crucial do trabalho, sem pensamento crítico não há trabalho científico e sim apenas reproduções de idéias. É justamente nesse momento em que se configura o trabalho. 3. Produção de um texto escrito ou oral que permite comunicar com outrem - produção do texto. Após a escrita do trabalho ele não é mais do autor e sim público e passível de críticas. Depois da representação mental do trabalho é feita, nesse momento, a representação escrita, propriamente a produção do texto. Dessa forma Mattoso tece seu texto de uma forma interessante e que nos auxilia em todos os momentos da pesquisa, culminando no processo da escrita. Um primeiro ponto que ele trabalha é o de pesquisa de campo, propriamente dito. Aquele momento que vamos aos arquivos, às bibliotecas, em que conversamos com as pessoas que viveram naquele período do recorte temporal da pesquisa, etc, é o contato com as fontes. Um segundo ponto trabalhado pelo autor é o tempo que 290
o historiador pára e pensa sobre o seu objeto, faz perguntas para ele e para as fontes e claro, tenta ouvi-las, após deixar que elas falem. E por último, é o passo que engloba todos os anteriores, a partir de tudo o que foi selecionado e pensado sobre ele, é o momento de se escrever, não que não se escreva nos momentos anteriores, pelo contrário, muito se escreve, porém esse momento é a escrita final, a elaboração do pensamento na forma escrita. Foram apontados nesse texto brevemente alguns aspectos referentes a fundamentação teórica e considerações metodológicas. Dessa maneira se pode vislumbrar um verdadeiro mar de possibilidades. Acredita-se que isso seja extremamente produtivo para os pesquisadores. Perceber os muitos caminhos ou descaminhos como coloca Vainfas (1997) já é um bom começo para depois refletir sobre os mesmos. A união entre teoria e prática, nesse sentido, se torna essencial, pois a disciplina histórica, atualmente em expansão, e em decorrência disso, também sofre fragmentação, desembocando, assim, em interdisciplinaridade, o diálogo entre os campos do conhecimento. NOTAS 1 Trabalho desenvolvido para a disciplina do Mestrado em História na UFGD - Metodologias da História. Foram feitas as devidas alterações posteriormente para a publicação. 2 Mestranda em História na Universidade Federal da Grande Dourados UFGD. Contatos por e-mail: leisarobles@yahoo.com.br 3 DARNTON, Robert e KURZ, Robert. Os novos mandamentos. In: Mais. Folha de São Paulo, 26/12/1999, nº. 411, p.7,9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BECKER, Jean-Jacques.Marxismo e comunismo na história. In: CHAUVEAU, Agnes; TÉTART, Philipp. Questões para a história do presente. Bauru, SP: EDUSC, 1999. BURKE, Peter. (Org.) A escrita da História. Novas perspectivas. Tradução de Magda Lopes. São Paulo: Unesp, 1992. BURKE, Maria Lúcia Palhares. As muitas faces da história; nove entrevistas. São Paulo: Edunesp, 2000. CHAUVEAU, Agnes; TÉTART, Philipp. Questões para a história do presente. Bauru, SP: EDUSC, 1999. 291
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